Friday, December 31, 2004

PARAFRASEANDO

Ricardo Noblat está brindando os leitores do seu blog, com frases de personalidades políticas, em 2004. Da mesma forma, revistas e jornais selecionam, destacam o que celebridades em geral tiraram da ponta da língua.
Não podia ficar atrás.
No meu critério, as frases estão restritas a nenhum ano em particular. Pequeno detalhe.

- Vou a dois, tres compromissos sociais por dia, entre tarde e noite. O negócio é que gosto de doce.
( socialite alagoana na academia de ginástica, explicando a bunda grande, enquanto fazia esteira)

- A vantagem desse salgado é que é feito no forno, não tem fritura.
(aposentado em bar da orla, sobre a dieta saudável pra acompanhar a cerveja)

- Marinete, vá colocar as calçolas!
(minha vó de muita idade, endireitando a vida rebelde do meu tio Hércules, artista plástico)

- Havia uma ladeira no meio do caminho que me fez chegar mais tarde.
(funcionária quarentona do posto de saúde, insatisfeita com sua colocação na corrida)

- Vou ali comprar linguiça.
(servente Lourdes do meu prédio, indo providenciar o almoço)
- Aqueles otaro pensam que aguento o batente só na base da linguiça e farinha..
(uma hora depois, na mesma manhã, ainda a Lourdes, falando consigo mesma, enquanto saboreava acarajé acompanhado de guaraná, na praia)
- Linguiça de novo?
(porteiro do prédio, Zezinho, pronto pra almoçar, já ostentando proeminente pança)

- Vou levar a cadeira pra colocar na cabeça. Depois minha empregada devolve ao senhor.
(minha tia, quase setentona, criatividade instigante, explicando pro vigia do bar da orla, que não pretendia levar chuva)

- Somos recebidos com um prato de camarões empenados, meia dúzia dos graúdos.
(Procurador de Estado, alagoano, sobre como é bem tratado no restaurante que chega)

- A vantagem de ir pra lá fazer a caminhada, é que não precisa passaporte, na América do Sul basta a identidade.
(outra socialite alagoana, sobre o meio desburocratizado pra enriquecer o espírito, em Santiago de Compostela)

Thursday, December 30, 2004

RESOLUÇÕES PRO NOVO ANO

Vou continuar santo, com as atribuições ordinárias da classe. Realizando um milagre aqui, acolá. Até mesmo salvando vida, quem sabe?
Vou permanecer, assim na mesma, sem emagrecer, sem engordar, crescer tampouco. Carequice estacionária, idem os cabelos brancos. Vou continuar bem, na foto na opinião da Teinha.
Vou gostar de pessoas. Não deixarei as atuais.
Vou assistir alguma coisa, ler, ligar o computador, rotinas pra preencher o tempo.
Vou fazer de conta que sou atleta. Venho fazendo, talvez não altere nada. Ou invente.
Vou curtir a praia. Vai dá sol.
Vou continuar com hábitos de jogador, sem apostar. Talvez conheça o bingo, perto de casa.
Vou olhar a paisagem. A vista da varanda, o mar, o horizonte.
Vou achar graça. Rir, sem remediar.
Vou me emocionar, olhos cheios d'água, qualquer coisa inesperada ou distante do afeto.
Vou continuar amando, acordado, dormindo pouco, menos.

TV SERIES & FILMES DATADOS

Quantos momentos nos sentimos parte, recriando a fantasia no cotidiano da gente, de seriados como Jeannie É Um Gênio ou a Feiticeira.
Aquela habilidade diferenciada da criatura saída duma garrafa das mil e uma noites, pra realizar sonhos que megasena nenhuma chegaria perto. Ou a mágica básica no nariz da Bewitched, que transformasse a realidade.
Os exemplos são muitos. Outras idéias, outros recursos.

Na década de 30 nos States, a mídia produziu bastante pra servir ao escapismo da sociedade, em plena depressão. Veja a qualidade dos exemplos em http://xroads.virginia.edu/~1930s/INDEX/index.html

Tanto faz a época, o drama histórico, político, sempre haverá a necessidade do cara comum se emocionar e mascarar a dor maior.

Tuesday, December 28, 2004

CARLA, A MÉDICA

Carla sabe muita coisa. Concluiu especialização em homeopatia. Ela acredita que a única coisa constante na vida é a mudança. Disso resultou um livro Doença: Problema ou Solução, pensamento, filosofia, o papel da medicina e saúde na sua visão holística.
Pra Carla, a doença é um meio necessário que permite ao ser humano encontrar o equilíbrio.
Ela entende "é indispensável que cada indivíduo seja detentor de sua história, compreenda seu aspecto essencial no sentido de uma busca vital como processo de cura, pois é inato ao ser humano o instinto de amadurecimento e humanização que conduza à transformação íntima de uma personalidade egocêntrica em uma holocentrica, rumo á plenitude."
Como ela quisesse dizer, a doença é parte integrante e natural do processo evolutivo do homem, na busca pelo estado de saúde, a felicidade, como corpo energético.

Algo me diz, Carla comunga também da crença do médico mineiro José Róiz, autor do livro Esporte Mata!
Ele dizia "Apregoa-se que o esporte é vida, esporte é saúde, quando nem os médicos sabem o que é uma coisa ou outra. O que é mesmo a vida e a saúde?"
Profundo conhecedor de fisiologia, pra ele o homem, bípede, não foi feito pra correr. Nem pra hipertrofiar os músculos nas academias.
Inimigo do esporte, Róiz foi defensor das caminhadas e entusiasta da dança de salão.
(maiores detalhes na resenha crítica de Gilberto Felisberto Vasconcellos - Caros Amigos)

Agradeço a amizade da médica Carla Luz que gentilmente me presenteou seu livro. Ela é linda e muito gostosa, com todo respeito.

Monday, December 27, 2004

FAL

"Deus sabe, eu não gosto de crianças, assim, duma forma geral, ampla e irrestrita. Não gosto do blábláblá e não gosto dessa filosofia do "deixa o menino", que parece imperar entre meus amigos com filhos.
Eu gosto (ou não) de gente, não importa a idade."
(Observação perfeita da Fal)

Esses pais que induzem os filhos nos maus costumes, se recusam a enxergar o comportamento anti-social das criancinhas. O convívio com os malcriadinhos, com licença do Chico, é um estorvo.
Graças aos pais, os danadinhos desde cedo ficam à mercê das regras de mercado, é o sistema comendo as criancinhas, impondo hábitos culturais de gosto desagradável. A partir do momento que elas ouvem e dançam ao som da musiquinha odiosa da xuxa & similares, tem início o processo de idiotização da juventude.
Os pais estimulam o consumismo desenfreado de produtos de baixa qualidade ou desqualificados, favorecendo o desenvolvimento dum mundo de crianças sem esperança, com reduzidas chances de criar juízo de valor e referências pra curtir um bom livro, a boa música e respeitar a inteligência.

Sunday, December 26, 2004

PRA SUBIR A LADEIRA TEM SANTO QUE AJUDA

Ou santa, a visão da Carla antes da corrida, foi prenúncio da graça alcançada, vencendo a ladeira, o sol, o tornozelo bichado, pra correr como um menino.
Pra apostar corrida contra a lua, na noite cheia, no bairro batido. Criança sem oponente do passado, ignorando o futuro, confiante pra derrotar o desafio dos céus naquele momento.
Quase como uma despedida. Ou reencontro.


Na falta de compromissos urgentes, corremos juntos. Amigos pra festejar o final de 2004. Na indolência do esporte em cada um de nós, na sua maioria, reagimos e mostramos o atleta vivo dentro da gente, que sabe correr.

A histórica corrida tá contada, maravilha pela http://fanjo.blogspot.com. Querida Fabí.

Friday, December 24, 2004

PALATO

Fim de ano é sinal de supermercado cheio, não é mesmo? Acontecem horário e dia que contrariam a norma.
Fui chegando dentro da cota mínima pra atendimento rápido. Que sorte! A doméstica vai pagar em dinheiro, na minha frente, vou me dar bem! No caixa que escolhi.
Aconteceu que a secretária do lar, não possuía cinco centavos pra facilitar o troco. O caixeiro, com a excitação natural do jovem gay politicamente correto, entrou em pânico (exagero de quem tá assistindo). Não, ele na ânsia de ser safo, pediu moedas em troca de cédula de um real. À menina mais próxima, responsável pelo caixa do lado. Estava de caixa baixa. Foi solicitado o socorro urgente de moedas. Nesse ínterim, senhora pagando as compras na vizinhança em outro caixa, ofereceu bolsinha de moedas pro caixeiro sandy-junior tirar a quantia necessária e efetuar a troca pela cédula.
Enquanto cheio de dedos o rapazinho contava o valor, o serviço emergente de moedas da casa, se fez presente e levou a cédula.
Com muita moeda e nenhuma cédula dum real pra resolver a pendência, o sistema travou.

A situação do caixa devia soluções a duas clientes, por falta de troco, excesso de moedas e escassez de cédula miúda.
Eu, aguardava ser atendido.

Thursday, December 23, 2004

FICOU DE FORA...da retrospectiva

Ah, olimpíada. Grega, berço de tudo, todos olímpicos.
A olimpíada não me empolgou apesar dos gravames históricos favoráveis.

Fui mais a outra a anterior, na tropical Austrália. O jeitão do lugar carioca, deu mais samba.
Alegre jovialidade da população em beleza conexa. Luz, praia, astral acima da coadjuvação, duma sede olímpica escolhida a voto.

Se isso explica alguma coisa? Serve pra deixar de fora a campanha do Botafogo. Que de nada serviu em tempo algum.

Wednesday, December 22, 2004

RETROSPECTIVA

De Fabí a Fábia, de Fábia a Fabí. And back again.Taí o principal. Valeu o ano.

Tuesday, December 21, 2004

DOPPELGANGER

Doppelganger é um termo germânico que identifica um "double walker".
Pode ser síndrome ou sentido sexto, vá lá.

É possível a idéia do exato duplo? Pode a pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo?
Quem sabe? A sombra de si mesmo, se presume acompanha cada pessoa...

Em vários casos, considerados verdadeiros, quando o possuidor do doppelganger testemunha a duplicidade, é prenúncio da própria morte.
O que falar se a criatura projeta seu duplo intencionalmente? Desejo de prolongar a existência?

Na Dupla vida de Véronique, filme do polones Kieslowski, a personagem de Irène Jacob se vê numa realidade paralela.
As imagens, as fantasias, os conflitos do enredo vão muito além da teoria doppelganger.

Monday, December 20, 2004

O 2005 DO MILLOR

O blog nasceu na metade do campeonato brasileiro de 2004. Mais ou menos isso. O Botafogo saindo do levir, pra continuar no rodapé da tabela.
Num dos primeiros posts, desabafei minha revolta contra o principal responsável pelo desastre contínuo do time, a saber o presidente do clube, famigerado bebeto.

Ontem o Botafogo escapou do rebaixamento. Puro milagre. Bebeto não teve nada a ver com o fato, permanece merecedor da pena de banimento do cargo, da torcida, de qualquer negócio envolvendo vínculo com o Glorioso da Estrela Solitária.

Irônica coincidência, Millor escolheu novembro do próximo ano, mes do meu aniversário pra vaticinar o futuro.
"O Botafogo revive o velho lema:
'Jogamos como nunca. Perdemos como sempre."

Sunday, December 19, 2004

BEIJOS ROUBADOS

O bocão da Angelina não tinha nada o que fazer naquela história. Talvez a grana, justificasse papel b em filme de segunda. Lábios de estrela, rosto de heroína, puro desperdício numa produção abaixo da crítica.

Angelina se esforça, corre, luta, pula pra dar credibilidade ao enredo. Muitas peripécias pra achar a caixa de pandora, que vem a ser, no final das contas, uma caixa de sapatos luminosa.
Então ficamos sabendo, deixa pra lá. O mais sensato: nada de meter a mão na caixa. Caso contrário bagunça o coreto da humanidade...

Felizmente a Angelina deixou a boca, como saldo positivo da aventura.
Boca magnífica pra se roubar um beijo. Penso eu.

De novo Truffaut, em Baisers Volés (Beijos Roubados) o personagem vivido pelo ator Jean-Pierre Léaud, alter ego do diretor se dá bem, roubando beijos de Delphine Seyrig, magníficas pernas acima de tudo.
Na época não havia Angelina dando sopa pro azar.

Saturday, December 18, 2004

NOITE PRA LEMBRAR / NOITE PRA ESQUECER

Diversão na tv tem dessas coisas. Episódio de seriado policial veio fundo na investigação: perito criminal mor examinando a vítima, descobre que a menina trazia na festa da formatura, pulseira com inscrição. Leitura do caso:
- Noite pra lembrar.
Constatando a morte insofismável, acrescenta:
- Noite pra esquecer...

Normalmente a gente não passa pelo mesmo drama. Tem noite que mil maravilhas não deixam a menor dúvida.
Noutra, a ocasião noturna merece ser varrida da mente.

Como explicar na mesma noite, o início memorável e o final descartável?
Não me pergunte.

Comigo aconteceu:
Havia amizade, aceitação entre nós dois. Não sei por que cargas d'água imaginei algo mais. Ninguém forçou a barra, possibilidades existiam, tanto que naquela noite na boate da moda, de mãos dadas, nossos olhos bateram o maior papo. Foi aí, na segunda dose da vodka, a noite desandou. Ela foi solidária. Quem sabe um jantar?
Nada adiantou, continuei tonto, mesmo após o jantar.
Cheguei tão perto de realizar o imaginável e acabou não acontecendo.






Friday, December 17, 2004

OUTRO LADO DA MOEDA...NEM TANTO.

Quem está por perto e prefere ficar sentado, tratando de outros interesses, necessariamente não se opõe ao atleta.
Apenas admirar mulher gostosa passando, depende da abrangência do conceito filosófico.
A cerveja torna-se um vício, tal qual o celular hoje em dia, quando o indivíduo distraído, leva o copo ao ouvido.
No mais, todos somos humanos, sujeitos a excentricidades.

Tudo depende da perspectiva de cada um. O diferente pode ser a decoração natalina do prédio da orla. Um papai noel de mentira escalando a frente do condomínio. Verdadeiro noema.
Quem vê daqui, a silhueta não deixa mentir, a forma calipígia assumindo relevo na fachada. Papai noel bundudo pra negona nenhuma botar defeito.


Thursday, December 16, 2004

EXÉRCITO BRANCALEONE

Na prática do dia a dia dos exercícios matinais, nos acostumamos com nossos vizinhos de ofício, atletas funcionais, nas pistas possíveis do pequeno lugar balneário.
Sem contar os utilitários da hora, a recepcionista corretora Daisy, à caminho agradável do trabalho, numa imobiliária do bairro. Passando pelo lunático Tyson, pluri sem: terra ,teto, lucidez, proteína no sangue - vagando e cantando pra si mesmo na ciclovia.

A praia é o palco onde brilha esse exército de heróis. Com destaque:
a) São eternamente Petas, as primas amigas Teinha & Vilma desde o berço. A primeira tensa, ansiosa, competitiva lider de todas as corridas; a segunda romântica, desconcentrada, personagem do mundo de Oz.
b) Jairo, protetor dos vira-latas, competente churrasqueiro da turma.
c) Pedro, gaúcho viril, coração dividido entre o chimarrão e a bocha.
d) Targino, encantador de abelhas.
e) Zagueirão Givaldo, professor querido em todo grau de escola.
f) Luiza, guerreira primeira no pódio.
g) Neildo, velocista técnico.
h) Tião, elegante corredor da velha guarda.
i) Darlan, mais fotogênico e internacional.
j) Itamar, mais premiado gentleman do esporte.
l) Fabí, talentosa sílfide, leveza pura do atletismo.



Wednesday, December 15, 2004

PAIXÃO NO SALÃO

Nada mais frances que o filme O marido da cabeleireira (Le Mari de La Coiffeuse), dirigido por Patrice Leconte, um expert no metier.
A fábula do início, um menino de doze anos decide o que vai ser, crescido: marido de cabeleireira, tão maravilhosa quanto aquela que lhe faz a cabeça na tenra idade.
Décadas depois o sonho se realiza na maturidade. O personagem predestinado encontra a cabeleireira perfeita, linda e independente no salão ideal.
A arte do cinema está bem representada na película.
O apaixonado cliente acaba conquistando o coração da sua musa. Os atores Jean Rocheford e Anna Galinea dão vida aos amantes.
Nesse encantador filme o papel do homem é servir à sua cabeleleireira, com todo o amor duma possível existência.
No enlevo de seu romance, o marido executa em certos momentos, deliciosa coreografia, criativa, engraçada, ao som de música marroquina. Vale o ingresso.
Tá vendo Fabí? Seu precioso post me fez tirar ótima lembrança do baú.
Cabeleireira, barbeiro , salão de beleza, sempre foram temas pra diversos improvisos. De categoria, diga-se.

Tuesday, December 14, 2004

ISTO É UM ASSOMBRO!..COMO DIRIA O FANTASMA

Fantasmas não são privilégio dos castelos ingleses, interessados em puxar o dedo do pé da rainha mãe, na calada da noite.
Na América do Sul, em particular no Brasil fantasmas circulam, sem maiores responsabilidades.

O fantasma nacional não está muito ligado na tendência européia de continuar o legado dos mortos, ocupando pra sempre as mesmas residências, vivendo debaixo de velhos estereótipos e lençóis brancos, pra assustar novos moradores.

É comum na nossa vizinhança, o fantasma ficar assombrado de mal a pior, com os tipos vivos que encontra por aí.
A tal ponto chega o promíscuo relacionamento entre fantasma e o mais ordinário mortal, nas happy hours da vida ouve-se com frequencia, de forma indistinta, a embriagada frase: Me segura que vou dar um susto.

Monday, December 13, 2004

COISAS PRA FAZER EM NEVADA QUANDO VOCE NÃO ESTÁ JOGANDO

Hunter S. Thompson escreveu um conto chamado Fear and Loathing in Elko. Por que viajar até Elko? Uma cidade sem personalidade no meio de Estado mau caráter. Segundo ele, pra se misturar entre representantes da indústria porno.
No caminho de ida, noite de inverno, mes de dezembro, ele dirigia equipado de drogas, whiskey e poderosa magnum destruidora ao lado do assento. Corria muito acima da velocidade legal. De repente, na má índole das condições climáticas fazendo coro na escuridão, o carro se chocou contra um amontoado de ovelhas mortas, outras ainda agonizantes. A cena insólita provocada por um acidente anterior, envolvendo um juiz e duas prostitutas bêbadas, acabou se tornando prenúncio do drama que estava porvir.
Depois de conseguir escapar da mesma sorte animal, Hunter mais adiante socorreu os tres sobreviventes da tragédia rodoviária. A partir daí o inferno tomou conta.

Paranóia, perseguição, violência de toda sorte, tentativas de morte, suicídio, assassinato talvez, fugas desesperadas.

Do juiz, ninguém sabe se era magistrado. Bandido de segunda, revelou talento pra psicopata de primeira . Sem culpa, sem documento, extorquindo e devendo de montão.

No final do conto, Hunter e o juiz apesar do vínculo criminoso pregado pelo destino, continuavam estranhos entre si.

Na carta encaminhando o trabalho literário ao seu editor no magazine Rolling Stone, o escritor foi confessional principalmente no trecho abaixo:
" Christmas is still a day that only amateurs can love. It is all well and good for children and acid freaks to still believe in Santa Claus - but it is still a profoundly morbid day for us working professionals. It is unsetting to know that one out of every twenty people you meet on Xmas will be dead this time next year. Some people can accept this, and some can't. That is why God made whiskey, and also why wild turkey comes in $300 shaped cannisters during most of the christmas season, and also why criminal shithead all over New York City will hit you up for $100 tips or they'll twist your windshield wipers into spaghetti and urinate on your door handles."

Saturday, December 11, 2004

WILD THINGS!!!

A vida selvagem procura uma brecha pra se instalar no nosso convívio. E não é de hoje. Desde felinos irados forçados a agradar terráqueos na selva das cidades. Até roedor sem rumo que vai dar nas pedras do Arpoador e procura o caminho de volta pra Lagoa, nas areias de Ipanema.
Cora & globoonline deram destaque ao episódio da capivara perdida, sofrendo dor de cotovelo, separada da cara metade por circunstâncias alheias à vontade da espécie.

Sexo Selvagem foi usado como atenuante do criminoso, no assassinato de sua jovem parceira. Paixão de Torcedor pra descrever selvageria de torcidas que se esbarram. Fervor religioso pra ilustrar o chute na crença do outro. E por aí vai, tempos selvagens são a estação dos homens.

Fica a sensação de que o mau selvagem, ao contrário da capivara, é o hóspede indesejável. Não tem jeito de ir embora e ainda denigre a imagem da vizinhança.


Friday, December 10, 2004

NATAL + ENFEITES

Os blogs estão decorados de citações, registros, histórias que trazem luzes à festa do momento. Da Lagoa Rodrigo de Freitas, passando pela Torre Eiffel até o Rockfeller Center, a árvore se faz representar à altura, com lampadinhas a perder de conta.

Fabí, Fal, Cora, todas falam sobre o assunto. Árvore coberta de calcinhas pequenas pra não chocar olhos pudicos. Árvore clássica, como manda o figurino, lotada de enfeites. A não-árvore, presente na lembrança, escondida dos bichanos.

E a árvore bem intencionada. Duma pessoa que conheço. Nada organizada, metódica e entusiasta do quilate da Fal, porém esforçada. Todo ano, meados de dezembro, ela desencava árvore desmembrada de baixo porte. Antes da montagem, as partes são escovadas e arejadas na varanda. Quando em pé o conjunto recebe um banho de adereços, sobras de outros natais, toques criativos: colares de miçangas caindo dos galhos.
A árvore é colocada em cima da mesinha do telefone, por sua vez deslocado pro braço do sofá.
Na sua base formada por um tripé, ela amontoa algumas caixas vazias, embrulhadas com capricho - falsos mementos.

Por motivos diversos, família pequena, mudanças, essas coisas, natais de categoria só curti na infância.
Adulto, participei de natal alheio very peculiar como diriam os ingleses. Convidado, me sentia penetra, não era parente de ninguém. Parecia um observador nomeado pela Onu.
Todos compareceram: avós, tios, mães, tios, primos, filhos. Um natal com amigo oculto e demais trâmites protocolares. Uma festa clean, blasé, típica duma família gls da classe média moradora da Av. Sernambetiba.


Wednesday, December 08, 2004

CATHERINE DENEUVE É UM CARTÃO POSTAL?

A beleza é traiçoeira, embaralha referências. Mergulhar na magia da orla carioca pode trazer no fundo a imensidão azul das águas gregas e na superfície o jazz parisiense de Michel Legrand.

O que Catherine Deneuve tem em comum com as diferentes praias no imaginário do romântico incorrigível?
O verso do cartão postal, mensagem breve de amor, vinda de onde o ideal fala mais alto.

A diva Deneuve num cartão não mostra a quantas anda. A cena musical de Catherine em dois filmes dirigidos por Jacques Demy: Les Demoiselles de Rochefort e Les Parapluies de Cherbourg, vai além da mera lembrança de terra estrangeira, onde viajante não arrisca dizer se o caminho de volta tem vez.

É melhor deixar de lado o mínimo registro da passagem daquela vida. O céu que nos protege é suficiente, vide Bertolucci.
Catherine Deneuve está longe de ser cartão postal, mesmo considerando a frente do anverso.

Devagar com o andor, questão acadêmica tem hora.

COMO SE SENTIR EM CANNES NA PRAINHA DO LOPANA

Dias ensolarados se sucedem, bonitos, aquecidos, mais quentes até calorentos.
Com brisa agradável, brisa morna, sopro forte até vento insistente.
As vezes na maré alta o mar batido com jeitão de inverno.

No trecho reservado de praia nas costas do Lopana, meia dúzia de turistas espreguiçam.
Num piscar de olhos imaginei ter visto galega de fora com peitos à mostra.
Igualzinho à pequena canja da euro riviera no caldo nordestino, aqui perto.

Monday, December 06, 2004

ATOR DA TV GLOBO

O que faz o filósofo nas horas vagas? Ele divaga.
A vida oferece alternativas. São muitos caminhos, escolhas, opções. O melhor destino é a tranquilidade ao reconhecer: Não me restava outra coisa a fazer.

Nem sempre voce é senhor do seu domínio. Deus não assiste televisão, prefere teatro, lá se foi minha chance de trabalhar na Globo. Ator continuo sendo, infelizmente a enganação diária não me trouxe o status de rica celebridade.

Aquela professora de portugues, a tal da redação que a coxuda gostou, mandava a gente ler um livro da literatura brasileira, dividia a classe em grupos e cada patota encenava um trecho da obra dramatizada. Ninguém escapava do palco. Minha vez chegou. Dom Casmurro do Machadão, sei que fiz o papel dum carinha que namorava num sofá, nos idos do século passado, no maior respeito segurando a mão da menina. Ela era feinha, tipo quatro olhos, olhava pra eles apaixonado pensando na desastrosa prova de geografia da aula anterior.
Mesmo dominado pelo pânico, não deixei transparecer. Foi uma interpretação digna de aplausos.
Nessa produção escolar, Daniel Dantas, companheiro de jornada, quase saiu vaiado com péssima atuação.

Perdi a oportunidade de fazer a escolha certa. Hoje os papéis estariam trocados, Daniel correndo de manhã cedo na praia, eu ator da tv Globo e Deus tirando o corpo fora: Não tenho nada com isso.

Sunday, December 05, 2004

FUNCIONÁRIOS DO CONDOMÍNIO

Seu Nunes - porteiro por excelência do cargo, mais antigo na função e necessitado de descolar dinheiro a todo custo pra bancar fantasias eróticas. Fezinha nas loterias alimenta o sonho de mudar de lado e ser doutor, proprietário de imóvel e mandão com bala na agulha. Na falta da benção divina, resta arrancar o troco graúdo em qualquer expediente pra explorar o morador incauto, tipo lavar carro na garagem.
O lava-lento Nunes, serviço nota preta no custo, não mede molambo pra manga pras obrigações de porteiro, tipo abrir porta do elevador e libertar morador enguiçado. Suas prioridades são carregar mercadorias leves em curtas distancias na busca da gorgeta fácil ou lavar carrinhos de crianças, fazendo as cabecinhas da clientela do futuro. Na hora do aperto tem frase pronta na língua: "Sou um só!"

Gordo Genivaldo - porteiro da noite dorme sono pesado. Quando acordado num sobressalto de manhã, corre de meias desorientado.

Faxineira Lourdes - preguiça impede de subir e descer escada, varrer e esfregar. Sobra tempo pr'adiposa servente conversar com todas as domésticas e saber detalhes da vida pessoal de todos os habitantes do prédio. Detalhes íntimos, tipo aqueles obtidos através da quebra do sigilo fiscal, telefônico, bancário, sexual.

Zezinho - o porteiro que reveza. Características marcantes: eterna conjuntivite e estado de sonolência durante o dia (será verme?).

Saturday, December 04, 2004

iBEST - II

Ô ibest para com isso! O sistema de votação é o maior atraso.
Fazer cadastro já é desagradável, ainda mais numa parada dessa...

Quanta burocracia por nada!

Thursday, December 02, 2004

iBEST

Pra ser coerente com o espírito do blog cometi um gesto de grandeza:
Tô concorrendo ao premioibest de melhor blog pessoal/2005.
Votem até 16/12/2005. Na JANAÍNA.

taí o link:

http://premio.ibest.com.br/prevoting/prevote.asp?IDSite=5466&IDCategoria=84&NomeSite=janaina&Selo=1

"O VERÃO DA LATA" - PRA TURMA DAS ANTIGAS

As máximas abaixo são verdadeiras?
a) O homem é produto do meio,
b) Voce é produto do que come,
c) Sua vida indigesta dita sonhos, pesadelos, insônias - talvez a ausência disso tudo e a presença do peso na consciência?

O que pesa na minha vida sem dúvida são os enlatados da tv. Dezenas de reprises de Seinfeld, Friends convivem com dúzias de C.S.I.
De tanto assistir o seriado policial, meu olhar de agente do Crime Lab enxerga as coisas de outra maneira. Formigas, mosquitos, moscas assumem status de prova (em ingles evidence). Quando entro no quarto pra dormir, examino ao redor sinais de foul play (em portugues crime). No copo do bar procuro impressões digitais, não vestígios de má higiene como nódoas de batom.

No desvio de conduta do passado tá a semente do vício. Na tenra infãncia fui apresentado a um enlatado especial: A FEIJOADA SWIFT. A mais poderosa arma química/biológica que a indústria alimentícia produziu.
Este produto bagunçou minha herança genética e condenou meus neurônios. Responsável pelo estrago evolutivo que vem me acontecendo.
Evidência cabal do relato em tela foi o sonho recente. Contei pra Fal, mistério cabeludo.
"Converso relaxado com alguém num boteco, quando surge na minha frente criatura sinistra. Diz cavernosa: Voce tem houli no peito!. Procuro debaixo da camisa e acho um talismã pequeno. Antes que pudesse decidir se havia entendido direito, o brutamontes foi taxativo: Voce agora vai ficar nu e acocorado! O sangue subiu na cabeça, pensei Não vou pagar esse mico. Vou ter que brigar! Imaginando no sonho a surra que ia levar, acordei com a adrenalina a mil."
Fiz busca no google. Houli: sítio arqueológico do período neolítico, no lado oriental do Vale do Rio Amarelo, na China, datado de 5000 a 6000 anos antes de Cristo.
O mistério continua.