Sunday, June 20, 2004

CONTO DA CRIPTA. ALEXANDRE, O CABEÇA - II

Ora, o que se passava na cabeça do Alexandre refletindo no espelho.
"Eu sou isso aí refletido? Um rosto cavernoso, 'dismilinguido', olheiras apontando pra falta de bochechas e um queixo pontudo? Como nessa cara magra podem caber tantos machucados?"
Entre um pensamento e outro.
"Eliminarei métodos violentos porque gosto de falsos acidentes, apenas não sei provocá-los. Falta inspiração. Seria simples dar algum tiro."
Locais de encontro consigo mesmo: academia, barzinho ou qualquer praia. Definitivamente estavam descartadas arma de fogo, faca e cabeçada na parede.
Naquele momento Alexandre imaginava a morte cerebral. A ocasião pedia algo sutil. Ler por exemplo um livro de difícil digestão, que exigisse demais dos neurônios até provocar um derrame de idéias e o inevitável colapso do sistema nervoso.
"Quem é esse leitor arruinado, boxeador nocauteado? Encontrado no quarto 227 no meio duma porrada de quartos? Com os ossos encolhidos?"

Thursday, June 17, 2004

GERALDO, O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA - II

O primeiro choro do bebe Geraldo foi difícil de sair, não obstante o esforço do obstetra ao declamar Os Lusíadas de Camões. Finalmente o doutor conseguiu a pungente choradeira: tirou o prato de sushi da boca da criança.

SEGUNDO CAPÍTULO - The Early years

Pouco se sabe dos 2 anos mais novos do Prof. Geraldo. A primeira fase de vida teve início na Jordania, a chamada BADBABY, que prosseguiu no Rio de Janeiro, depois veio a fase BADBOY até a atual OLDBAD ou BADOLD (criaturas maldosas referem a OLDEIGHTY, o que seria a idade real do Professor, sempre motivo de discussão nos bares da moda).
O pai, diplomata de carreta, homem de poucas sutilezas, não reconheceu nos primeiros anos de vida daquela criaturinha destruidora de berços (que antes de falar "papá", "mãmã", falou PORRA com todos os rrrs e acento no A, para encanto das visitas ou testemunhas da delinquência precoce) as qualidades do macho que coça o saquinho e cospe a chupeta. Finalmente apareceram as bolas nos iss e a criança foi registrada, como menino.
Nessa altura, depois dos 2 anos, já falava as frases mais emblemáticas do futuro conhecedor de carnes e músculos, grelhados na chapa:
- PORRA!! Mingau de novo??? Cadê meu espetinho?
- PORRA!! Coloca pimenta no meu caldinho!!!

continua

Wednesday, June 16, 2004

EMAIL PRA MINHA IRMÃ

Assunto: "Depois da tempestade vem a bonança". A mesma lógica se aplica a "Depois da queda vem o hematoma"?

Nena, soube que um dia desses voce sofreu uma queda, correndo pra pegar ônibus. Há quem diga que rir é o melhor remédio, inclusive nessas ocasiões, discordo, o melhor remédio é gelo.
Tive na vida minhas quedas correndo sem razão, sem objetivo, pelo esporte, com o propósito de correr até o dia depois de amanhã, quando o mundo pode acabar, não sei não...
Nas minhas quedas, com as escoriações de praxe, levantava com vontade de rir da vergonha do mico da cena pastelão. Depois, só restava procurar o serviço de proteção a testemunhas, mudar de cara e identidade e ir morar no interior.
Voce é uma lutadora pra sobreviver numa corrida com obstáculos, cuja regra olímpica é derrubá-los.
Voce está de pé e pronta pra comprar seu carrinho e não correr no trânsito. Chegar voce chegou onde muita gente nem sonha. São conquistas pessoais valorosas.
A vida não está brincadeira, o futebol é uma caixinha de surpresas, algumas quedas dão vontade de rir. Tanta coisa sem sentido. Ainda bem que voce passa uma mensagem insofismável: seu compromisso de continuar sendo bem sucedida.

Friday, June 11, 2004

ANA PAULA

Foi tão bom encontrar a Ana Paula. Presto atenção no rosto dela, bonito, jovem, expressivo, com a pele irretocável. O encanto do rosto me obriga a olhar o corpo bem feito, tratado, torneado, com proporções clássicas trabalhadas e aperfeiçoadas às formas modernas da atleta amadora.
Ana Paula é um ser humano belíssimo que exala saúde e energia.
Conversei com Ana Paula, corri com Ana Paula, trata-se de excelente companhia: solidária, honesta e sincera.

Thursday, June 10, 2004

CONTO DA CRIPTA. ALEXANDRE, O CABEÇA

Alexandre está na faixa de trinta a quarenta anos. Após dois casamentos, dois filhos e preso à constante presença da mãe fazendo feira para a vida dele, se sente confuso, desorientado, lhe faltando estímulo para distinguir as vontades dos desejos.
No trabalho Alexandre repete o tédio que o Diabo amassou. Ele não sabe se é o destino do dentista de beira de consultório ou a união entre o emprego sem futuro e o entusiasmo terminal, mas pouca coisa lhe mantém focado como a bunda da Carla - produz fantasias e ameniza o torpor.
Alexandre pensa que o destino vai lhe levar a cabeça numa perda irreparável. Algumas pessoas se preocupam com o próprio temperamento diante de situações explosivas: facadas pelas costas de sócios amigos, traições de amores fidelíssimos. Porém, no caso do Alexandre, nada como se separar da cabeça de forma trágica, vitimado por uma grande bunda sentada na sua cara.

Wednesday, June 09, 2004

GERALDO, O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Graças ao Blog Janaina poderemos deixar registrado na web a biografia não autorizada do Professor Geraldo, para deleite de seus fãs e alunos no Brasil a fora.
Muitas lacunas existirão nesta empreitada. Não tive acesso a documentos oficiais. Daí me valeu a tradição oral, as conversas nas salas de ginástica, musculação, recepção, vestiário e área de lazer das academias.

Primeiro Capítulo - O Nascimento

Tudo começou no seio da família no coração do Oriente Médio.
Os pais do Prof. Geraldo tinham mais diferenças político-religiosas sobre sexo, inseminação artificial ou poluição das praias do que a média dos casais jovens em lua de mel na Jordânia. Por obra do Conselheiro Matrimonial Arafat (homem de visão? Não, de grande nariz, sentiu de longe o cheiro da felicidade) algumas tréguas conjugais foram obtidas. Uma coisa leva a outra, na maior paixão foi concebida a grande celebridade do Século XX - em noite de lua cheia, quarto crescente, quarto minguante ou living room com tv de 33 polegadas.
Em parto de cócoras da mãe, às margens do Rio Jordão, nasceu o Prof. Geraldo com a imortal expressão tão popular em outro rio: A Carranca.

continua...

JANAINA???

Por que o nome Janaina? Será que olhando de través trata-se de travestismo moral? Ou o viés é outro? Não sei. Me pareceu uma escolha como outra qualquer, duvidosa. Neste momento de incertezas lembro de gloriosa e estelar (sempre o Botafogo) citação:
"A glória é como um círculo sobre a água, que aumenta sempre mais, até que à força de se alargar, termina em coisa alguma." (Henrique VI-1a Parte).
O QUÊ?? Estranhas incertezas numa estrada de descaminhos e contrabando de idéias.
O que é Janaina poderia ser Diários de Bicicleta Ergométrica. Em quase 10 alagoanos anos conheci 2 Janainas. A primeira em 94, pivete, rebelde, inteligente, eliminando álcool em pedaladas ergométricas. E a mais recente, descobri em 2003, triatleta, midtwenties, doce&simpática ao máximo e nunca enjoada.
Desígnios perversos das formas, ambas as Janainas exibem beleza exterior diferenciada e controversa.

Tuesday, June 08, 2004

AQUELE NADA/ DE INEXORÁVEL SEGREDO

Os poetas sabem mais, principalmente dum limitado torcedor do Botafogo que prefere se explodir na porta do Caio Martins pra matar o presidente Bebeto. É sinal de intolerância, desespero ou puro exagero na licença poética e metafórica do vagar filosófico?
Do Botafogo, dum time bomba, dum presidente bomba, o menos nefasto é o torcedor que explode.
Qual inexorável segredo protege Bebeto da crítica e revolta de milhares de seguidores da mesma seita, como o jornalista e botafoguense Arthur Dapieve, que dos fundos do Armazém 41, sonolento e preguiçoso põe a culpa nos ratos os jogadores e perdoa e enaltece os cachorros cínicos Bebeto&Levir - a dupla que nos trouxe da figura B pra figura A e depois nos rebaixou com um rol de competentes fracassos?
O segredo do nada foi matéria do poeta Giuseppe Ungaretti e não do Seinfeld, onde fui buscar respaldo pra entender o futebol do Botafogo, aquele nada.
Se não houver alteração política, a mudança de toda direção do clube (a chegada do vascaíno enrustido Mauro Galvão nada resolve), continuaremos a assistir os mesmos capítulos por meses e meses do ordinário, tragicômico, patético vazio do futebol botafoguense.