Thursday, September 30, 2004

SEARCHING FOR BOOT...II

O equivalente da falha é a perda de conexão, dentro da mesma filosofia da imperdoável fraude do serviço enganoso.
Assim, quando não é o computador capenga é a banda cabo na superfície da rua entre postes mal falados de energia, sujeita às intempéries e gratuidades da vida ao ar livre.

Aproveitando o momento sem teclado, a memória resgata a juventude do pré-vestibular no meu colégio liberal.
Com o rancor guardado da professora de geografia, aproveitei o instante pra causar embaraço na aula específica sobre a África - o que não teve nada a ver sobre todos os sentidos. Naquele enredo meu compromisso era infernizar a mestra que em outros carnavais me fez passar maus bocados.
Em outra instância, na aula de francês a professora também não teve culpa. Fiquei nervoso por sentir medo do palco. Aí numa ocasião memorável, todos os alunos da classe sentados em semi círculo chegariam na vez de dizer o mínimo na mais caprichada pronúncia. Eu me saí assim: fazendo boca e não saindo nada que prestasse.

Saturday, September 25, 2004

A TIA DOS OUTROS

É a tua!! Quem ?? A tia...
Quando a tia endossa a suposta grosseria da melhor amiga e manda terceiro à MERDA, é puro chiste, provocação jocosa nas diatribes da convivência familiar?
Melhor dizendo, ela disse, a tia, o pior. Porque a amiga do peito na sua imaginação circunscrita deveria mandar à MERDA com pleno direito.
A tia não aceita objeção à amiga, na sua opinião popular querida. E quem mandado, inclusive nessa situação, na MERDA discorda do entusiasmo a favor.
A tia e sua amiga são parceiras, uma defende a outra.
A tia é chata e sua amiga desagradável. Pra tia falta sabedoria, e à sua amiga alfabetização.
Parece que terceiro merece a própria sina.

Friday, September 24, 2004

GERALDO, O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA - VIII

Geraldo correu pro regaço da mãe, aquele encontro dos seios maternos com o cabeção do filho, ele insensado no coquetel dos odores típicos: da fumacinha do pauzinho de Bali, passando pelo cashmere guardado com naftalina até os banhos econômicos à base de sabão de coco da genitora Dedé.

A mãe sente quando o filho tá pesando no orçamento, principalmente se apresenta cintura grossa e é tão voraz no gosto por animais feridos, mal passados, na grelha - saboreados em qualquer churrasqueira de adolescente árabe colonizado segundo costumes cristãos de brasileiros carnívoros.

Por mais que ela incentivasse o esporte paraolímpico, Dona Dedé não acreditava que o filho alcançasse medalha de ouro na modalidade ginástica rítmica solo do rolamento mortal carpado, o que alguns invejosos de outras academias classificavam de simples cambalhota.

Naquela idade indefinida entre exibir o melhor visual e o intelecto bombado, Geraldo era puro conflito entre ser redondo no abdomen dilatado, quadrado no torso de futuro leão de chácara ou no íntimo musculoso pra bater em todo mundo.
Eis que morar com a mãe acrescentava outro dilema moral: voltar cru pra Beirute gostando de kibe apenas socialmente.
Geraldo que sentia o dom nas veias, decidiu cultuar o próprio corpo, primeiro através da masturbação, depois se tornando malhador brasileiro e professor numa simbiose pra esteróide nenhum botar defeito.
Pra concretizar o nobre desígnio vocacional a guarda do pai se tornava de lei.

Sunday, September 19, 2004

ANA PAULA - II

Finalmente Ana Paula leu o pouco que lhe dediquei por escrito. Ela ficou decepcionada: tão nada com tão pouco!
E eu sem desculpas plausíveis, me aventurei em alegar o melhor poder de síntese como razão, naquele declarado post de devoção à bela fêmea.

Ah, Ana, Aninha, não adianta dizer que voce é mais boa por esse ou outro melhor formato. Não acredito que o sexo será parte importante de nossa intimidade (apesar de que qualquer contato carnal seria revelador de nossas diferenças no dicionário amoroso. E isso faz sentido pra mim, pra cada um sair aprendendo o prazer do outro) (nos meus sonhos).

Ana, voce sabe, o que está escrito não vale o significado. Ver voce atravessar a rua de manhã cedo menos atleta e mais magra, bonita e diferente com todos melhores recursos que Deus lhe deu pra se apresentar estrela no point do Paulinho - é pura fantasia. O que meus olhos vêem fazem sentido?

Deixando o exagero de lado. Quero acreditar na nossa sintonia, independente de enxergar além de sua beleza.

Thursday, September 16, 2004

IMPERTURBABILIDADE

"Se tinha horas de intensa euforia,...a maior parte do tempo passava-o prostrado, numa ataraxia búdica..." (Fernando Pessoa)

Wednesday, September 15, 2004

THEY CAN'T CATCH THEIR BREATH THAT THEY'RE SUFFOCATING...

Estou sendo sufocado pelo linguado ingles. O ataque de pânico pode vir do torcedor morto com a cara de adormecido traduzido pra lá de botafoguense terminal.
E quando o mar não tá pra santos que nos acudam? O futebol canarinho não canta o quanto o engaiolado sofre (frase pra macho nenhum botar efeito).
Chega de pensamentos bagres!

Sunday, September 12, 2004

GERALDO, O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA - VII

Geraldo na adolescência apesar do temperamento explosivo, uma raiva represada de pavio curto, era romântico e sonhador que não dispensava a leitura de fotonovelas: Capricho e Grande Hotel. Sétimo Céu veio depois e Geraldo vibrava com historinhas e fotos estrelando celebridades, como o tremendão Erasmo Carlos, nos papéis mais apaixonantes - a propósito, a Garota Sétimo Céu era escolhida no programa Almoço com as Estrelas do Aerton Perlingeiro (sempre promovendo as delícias de Macaé) e além da ambição do estrelato na mídia, prevalecia a satisfação de realizar o sonho de contracenar ao lado do ídolo preferido. Fui longe.
Geraldo navegava nesse mar de rosas quando uma bomba explodiu no seu coração, esculhambando idílios de jovem mancebo: A Separação dos Pais.
No primeiro momento ele pensou em ficar com o pai. E docemente numa hora do intervalo do conflito conjugal, tentou chegar junto do genitor:
- Papai, quando voce vai me ensinar a pescar?
- Pescar é coisa de viadinho!
- Viadinho é ficar fazendo brinquinho!
Ato contínuo, Geraldo levou uma bofetada e foi pensar na mãe.
Pra evitar interpretações maldosas no futuro, ele desistiu de fazer social com vara ou algo tão esquisito como pescar com Seu Osmar.

Sunday, September 05, 2004

SEARCHING FOR BOOT...

Meu computador ficou desorientado, enquanto isso tentei preencher o espaço vazio tecnológico olhando pro teto e adjacências do meu quarto onde pequenas aranhas querem dar teias à imaginação.
E eis que lembranças provocadas por olhar perdido mereceriam registro.
Assim surtou memória do tempo em que todo mundo se concentrou em passar de ano, pra melhor.
Um vestibular em que as regras do meu colégio deixavam tudo ao deus dará. Com antecedência aprovados os alunos de segundo grau. Talvez por ser primeira a política unificada-seletiva-educacional do país na visão libertária do meu point pedagógico, em que o fim justificava o meio. Ou seja, iria participar dum vestibular a toda prova com pouca pressão.
Aquilo que me levou a fazer nada no ano letivo me fez assistir durante as semanas em curso, entre outras tardes, o filme "Sinal Vermelho, As Fêmeas", no cine Condor/Copacabana, que mostrava a espetacular bunda da Vera Fisher nos créditos iniciais.