TOM, VINICIUS, GUIMARÃES ROSA, MANOEL DE BARROS REVERENCIAM O PANTANAL DENTRO DE NÓS

A criancice, peraltice da natureza brasileira que não é bairrista, vai dos bairros do Rio ao pantanal no meio do país. A natureza das coisas vivas, nem tanto por nascimento mas inventadas por esses meninos encantados. Coisas humanizadas, coisas que nem palavras que dançam conforme seu ambiente natural acreditam musicadas.
Agora vem meninice dizer palavra, verbo, como entendesse do que ta falando quando a coisa vivia em completa inocencia destratada, a palavra trouxe viço.

ENTRE ANGELS E ANJOS

Quem nasce pra viver Angel no nome tem que ser criativo suficiente pra assumir o codinome Anjo na clandestinidade. Ou então Stuart Little, exercer premonição e direitos autorais do filme com esse nome pra entreter toda a familia numa vida paralela que ia acabar no show business de qualquer maneira. Zuzu Angel, estilista de moda vigorosa fez carreira de destaque internacional em curto espaço de tempo graças ao talento criador sem deixar dispensar amor às crias preferenciais. E assim aconteceu com o bom filho cheio de nobres ideais, pena que no conformismo imposto pela ditadura politica dos anos 70 do Brasil tricampeão de futebol mundial em que a Segurança Nacional se sentia ameaçada por jovens politicamente romantizados que cometiam crimes comuns na busca dum compromisso social mais justo por parte da classe governante pra dignificar os brasileiros. Por conta disso, os militares deitaram e rolaram na linha dura, sufocando a maioria, perseguindo muitos, torturando e eliminando outros tais de forma escancaradamente ilegal. A motivação historica, emocional por tras do filme do Sergio Rezende seria essa, mas o resultado cinematografico não obteve densidade dramatica em nenhum aspecto.
E os 2 Anjos restantes, fábula iraniana bem conduzida com sentimento amador, dizem muito mais, sons de instrumentos musicais que insistem existir pra afinar no coro dos descontentes da ordem unida dos costumes intransigentes, preconceituosos e repressores da religião dominadora.
Palavras invasoras que saem dando mãos umas às outras quando a natureza moleque faz de conta que dorme. O que interessa fica com a gente se os sonhos não apropriarem: todos os anjos são pardos.

A DÉBORA DISSE É DURO COMPETIR COM JESUS

Agora a pouco interrompi a corrida matinal no maior sol quente das quase 11 horas da Débora. Ela pareceu não ligar e por puro pretexto falei de assunto vulgar: corrida do dia 31 da Teinha, confraternização dos que há vidas correm. E emendei: Feliz Natal! E ela: Tô fazendo aniversario hoje! (o diálogo simples não foi nesse roteiro cinematográfico de pobres termos)
Aí Débora fez a consideração das datas coincidentes pra nascer, Jesus entre outras personalidades, com espirito esportivo ela saía perdendo.
Antes de prosseguir correndo Débora disse: 10 kms? Ah, tudo bem, pensei que era coisa de meia maratona..Qual o percurso? Tem ladeira? É comigo mesmo..
Galega por galega sou muito mais a Débora do que a Melanie Banderas, em contrapartida a frase da atriz vivendo a personagem principal de Working Girl, o filme também titulado Secretária do Futuro, causa mais efeito do que minha conversa rápida com a estonteante Débora: What am I, a head for business and a body for sin..(até em ingles faltou desvelo com o original)

SALDO

Não chega ser saldão de roupinhas baratas e outros gêneros perecíveis pra usar no dia a dia como acontece nos grandes centros, SP na 25 de Março e RJ na Rua da Alfândega.
Sei que na cidade da mulher maravilhosa o saldo é propagado com locutores, microfones e sequestros relâmpagos dos fregueses indecisos pescados pela intimidação e jogados pra consumir produtos de balaios, caçambas, quiçá gôndolas onde vários braços, mãos, ganchos, anzóis mergulham pra descolar a melhor barganha. Da 25 de Março to por fora do estardalhaço ou escaramuças pra promoverem ganhos e abocanharem presas faceis do barulho - no que sabe cópia ou original dure o suficiente e valha a pena o esforço coletivo.
O saldo que me refiro é outro, onde queria chegar não fosse costumeiro desvio de rumo quando se tratam de oportunidades baratas. É o que ficou do ano que ta quase acabando e acabou pra Gazeta de Alagoas hoje veio apetrechada de fotos de Teo & Collor, as celebridades do poder estatal na ribalta do momento. As cores do poder alagoano não surpreendem e aqui nos diz respeito vamos continuar dançando, festas não faltam de todo o quilate. E no que respeita Janaina o saldo é o que foi: praia, sol quente, sombra e cerveja na temperatura mais baixa. Janaina se recusa computar desassossegos.

PAUSA PRA CONSIDERAR QUE NÃO ESTAREI VIVO PRA CONTAR METADE DE MIL POSTS

Os sonhos que ajudavam prosseguir postando tão ficando com baixa taxa de transferencia e conexão errática. Mércia apareceu outra noite subindo escada pra dar na musculação, dito isso parece o que não foi, ela simplesmente chegou pra fazer algo que faz bem à roupa que veste nos sonhos dela, nada cansativo, la pra dentro da academia nada mais, talvez rotina semântica.
Noutra noite sonhei e disponho de poucos dados ao sair de casa, a policia ia me matar, olhava pra carros com luzes piscando no alto e sentia que as balas tinham endereço certo. A certeza da morte me preocupava, se os arquivos salvados no computador iriam conspurcar meu panegírico, epitafio, memoria idealizada.
Antes das balas fazerem gato e sapato do meu corpo precisava queimar arquivos como precaução.
O que é bem esse prejuízo causado por gato e sapato? Humilhação? Em que circunstancia prejuízo moral quando está em jogo a índole do gato no provérbio?

E SE O HAVAÍ FOSSE AQUI NA AMAZONIA?

O que lembra Havaí? Bom surf, praias festejadas, esportes radicais da maratona ao triatlo de alta performance, o ironman. Nada de flora e fauna amazonicas, como um filme de ação na pressa de enganar poderia supor. Nessa altura do filme B com pretensões de circular na alta roda de bilheterias avançadas, é preciso segurar onda e achar estranho que a ameaça da selva se resuma a macacos metaleiros cheios de espetaculo e nenhuma pegada.
Welcome to the Jungle, filme onde macacos abrem a boca pra morder, a dentadura prometendo estrago, os caninos fazendo inveja a experientes vampiros - não passa de veículo onde capoeira estilizada de galho em galho vira palco de macaquices. Isso transportado pro Havaí a locação das cenas de ação filmadas, incorporando enredo inverossímil e nativos gays de Miami forçando a barra num portugues sem pátria, sotaque afastado do continente brasileiro, com trejeitos de península ibérica ou Golfo do México, porque cara e pele da vizinhança podem soar identicos na figuração dos personagens.
The Rock um Schwarzenegger que economiza consoantes, os dentes alinhados sem a sonoridade austríaca, procura evitar a destruição em massa correlata a todo herói de grandes proporções ao usar a porrada no dia a dia e acaba não resistindo ao apelo do chumbo grosso numa forma de expiação e salvação de figuras menores.

APÓS COURTNEY LOVE O BAD SEX LITERARIO

A cantora que matou o Nirvana, a proposito de bad murder, fez as honras da casa em 2006 - revista inglesa Literary Review desde 93 promove a premiação do pior texto duma transa particularmente sexual nos livros publicados do ano - apresentou os felizardos ganhadores.
Vamos supor que eu escritor na ânsia de me dar bem nessa notoriedade, narrasse em obra literaria experiencias eroticas em que fui voluntarioso no imaginario: "Devorei os olhos azuis de vista cansada da coroa da lambreta, eram cerejas ou azeitonas dum martini sem taça e depois? Depois so me restou enfiar o palito nu que saiu da boca nas carnes da balzaquiana experiente que ficavam aceitaveis cobertas de algum invólucro."

(fiquei sabendo dos escritores que fazem do sexo escritas mal faladas através dum National Enquirer travestido ou cross dressed como preferirem de noticiario sério semanal. As historias mundanas de Veja causam entretenimento aqui e acolá nem sempre, ao contrario dos textos do Roberto Pompeu de Toledo que acertam na qualidade e são independentes às preferencias editoriais).

NO MUNDO BIZARRO CHEGUEI AOS 400 POSTS

Durante 3 vezes hoje Janaina me observava, na certa sabia por alguma magia mais um post arredondava um numero com zeros e multiplo de 100 numa conta de chegar absurda.
Vacilando com halteres e anilhas de 20 kgs pra suspender os ombros durante 2 segundos em 3 séries de 15 repetições, na pausa esbarrava nos olhos dela acompanhando com outro olhar, terno, doce como se eu fosse menino.

CANCER FAMILIA

Familia tem tanta mesquinhez, causa mágoa entre os participantes. A minha acumula cancer entre personagens duma ópera bufa. E se preocupa com perucas apropriadas pra disfarçar elegancia na festa de aniversario do primo rico.
No jantar do aniversariante a presença do tio pra todos os efeitos recuperado do cancer, 3 ou 4 doses de Old Parr dão a idéia do seu consumo e a propria filha vivendo o cancer de mama esconde a dor, durona com irascibilidade.
Na festa não faltam acepipes, musica ao vivo, bolo com vela, comida farta de mignon a camarões.
Tudo em familia soa falso até o cancer.

OH ANNE

A vida de Anne é Oh Deus lhe acuda, pra lembrar onde anotou os filmes que viu e quais deu com a lingua nos dentes. De repente ela pode assanhada ta falando duma historia que ela disse antes outra coisa. Como os papeis tendem ser frageis ao vento e às anotações à margem de qualquer espaço sobrando, fica dificil pra Anne recapitular o que andou dizendo nos ultimos meses.
Anne sempre diz Vamos Ser Praticos o que significa comentar prioridades, são muitas mas uma vem sempre passando a frentre dando cotoveladas nas outras: orgasmos, qualquer orgasmo. Por levar a vida na maxima praticidade o orgasmo ideal e único não tava facil de ser alcançado e agora acabando de ver o filme The Oh in Ohio, acha boa oportunidade pra dialogar com a propria vagina. Quando foi a ultima vez que sentiu prazer? O gozo foi de verdade ou mentirinha na primeira e outras vezes de Ohs, Ohs, Ohs,?
Anne se identifica com a garota do filme - livra a cara de Cleveland, la tudo não passe de ho, hoho fascinio exagerado por papai noel, quando presentes vibradores importam mais que papai mamãe e demais posições sexuais.
Ela decodifica o filme da seguinte maneira: todo mundo, homens e mulheres valorizam o orgasmo - afirmação do desempenho das partes interessadas no sexo pra fins prazerosos seja ou não a gravidade da procriação objetivo final.
E a participação de Liza Minelli como Guru da Masturbação mandando suas alunas Libertarem a Lábia provoca felizes vibrações.

DONDE MENOS SE ESPERA ARTE VEM BOM AGOURO; SE GODARD HOUVESSE GÊMEO SERIA DIFERENTE

Um ponto e virgula exatamente o que une dois titulos pra um post na distancia aproximada.
O filme Adaptação comecei a ver no canal de assinatura AXN, uzeiro e vezeiro (na linguagem de advogado cujo futuro vê rábula pela frente) de passar filmes e seriados de ação B, bomba a bobagem na variação do astral do assinante que assiste. Por essa midia improvavel não esperava que passasse produto da mais alta qualidade artistica, tanto que não dei bola na primeira exibição, eram ausencias estranhas de ação que minha embriagues ou sono não perdoavam. Na segunda tentativa estava lucido pra perceber estava diante de algo brilhante mas não fui longe que a lucidez me deixou. Agora restava a locadora, filme de 2002 se possível sequencia de being inside John Malkovich's brain não sei como me passou batido sem desconfiar da existencia. O livro que precedeu o roteiro é um achado que invade a historia, The Orchid Thief, mergulha na teoria Darwiniana, ecologia da Florida e escolhe orquideas como raridades de colecionadores numa perspectiva historica. O livro conta o verdadeiro caminho do renegado horticulturalista John Laroche.

"Adaptation decodes into one thing: It's about someone trying desperately to do something he can't..."
"After all one of the movie's reigning conceits is that the boundary between reality and representations of it - between life and art, if you want - is highly porous, maybe even altogether imaginary. Another is that obssessive manias - for instance, the passion for certain forms of plant life that afflicts some of the characters - reproduce themselves like madly pollinating wildflowers.."
"It is about a screenwriter having trouble writing a screenplay for the very movie tlhat you are watching. He knows what it's supposed to be a straightforward film version of a nonfiction book by Susan Orleans,... and as he sinks deeper into despair, his mind begins to wobble this way and that in comic incandescence, a spluttery nova of self-loathing, doubt and nihilistic impulse. And of course - this is always the worst part of anybody - he looks out a world blissfully wnaware of his agony, where people seem to be succeeding without a whisker of effort. That's an illusion, of course. But it's an illusion he loves, because it allows him to hate himself so much more passionatly.."
" But it is also, more deeply, a movie about its own nonexistence - a narrative that confronts both the impossibility and the desperate necessity of storytelling, and that short-circuits our expectation of coherence, plausibility and fidelity to lived reality..."
"One character asks: Why he thinks people find orchids so seductive? -
the answer: Oh, mistery, beauty, unknowability...Besides, I think the real reason is that life has no meaning. I mean, no obvious meaning. You wake up, you go to work, you do stuff. I think everybody's always looking for something a little unusual that can preocuppy them and help pass the time.."

Não adianta encher linguiça com apreciações roubadas, o filme é dos melhores a tratar do processo criativo e bloqueios que afligem os escritores.
Isso tem a ver com Godard ou ele se insere nas obssessões auto-deconstrutivas que o filme refere e deseja.
Filme pra ser visto, revisto bem acordado: excelentes atores, excelentes dialogos, excelente narrativa, invejável criação.

A TEORIA CELESTE SOBRE A CRIAÇÃO DO MUNDO

Tudo começou com imperícias nos encontros de seres que não estavam nem aí. As consequencias duvidosas perduram até hoje. E nada disso saiu nos jornais assinados de comunicação de massa. Tem gente que acredita no que vê e desconfia do tato. A malha fina que pega sonegadores do fisco não é a mesma que embroma os sentidos de quem curte a celulite da próxima com todo louvor, quando a malha faz da carne o conteúdo perfeito.
Celeste duvida da grande explosão que deu inicio a evolução das especies.
Pra essa malhadora inconteste o mundo se criou graças ao desejo das celulas que mantêm segredo sobre o que era antes, fazerem das suas e inventarem a gordura nas mulheres. A partir desse inicio nada mais foi perfeito: se algum dia houve consenso sobre o melhor peito, quantidade de silicone, redução de culotes ou varizes que estão no mapa hidrografico.
Pra Celeste a prova desse processo evolutivo de contrastes é regional e brasileira. As mulheres do nordeste segundo sua observação empírica tem bundas achatadas, enquanto as do sul e sudeste são formatadas e se destacam.

DIVA É ADELIA

Um ego inchado de auto-estima nem por isso a pessoa pode se dizer diva ou ser eleita a esse status por quem enxerga distorcido. A não ser que o rotulo tenha o endereço do esteriotipo, a criatura cheia de exigencias e sentimento superior de quem divide o mesmo palco e não se acha da mesma especie, o que pode ser razoavel entre extraterrestres.
E divas não faltam no mundo da cultura erudita, popular, segundo criterios do culto a excentricidades e extravagancias.
Mas Adelia é do outro mundo porque faz a diferença ao flutuar emoções e alcançar almas desejosas da beleza das ideias, das palavras e percepção dos homens, anseios e sonhos.
Rose gostou, mais trechos da entrevista:
Pasolini também falava que os santos e loucos - incluindo poetas nessa categoria - eram dignos de confiança, por serem os únicos com coragem para dizer não ao mundo.
É verdade. Essas pessoas têm uma atração grande. São verdadeiras. Quando voce conhece um santo na vida real, fica admirado com essa coragem cotidiana. Eu quero isso pra mim.
Voce já conheceu algum?
Já. Tem uma pessoa que conheço que eu quero estar sempre perto, pegando aquela radiação gostosa. É uma pessoa admirável, que vive a experiencia da fé e essa busca de forma radical.
Para voce, qual é a função de um santo?
O santo revela o amor de Deus. Ele confirma que somos criaturas feitas por alguém que nos ama. É aquele que fala: "Descansa, minha filha. Por que voce está tão estressada?". São pessoas que vivem a fé de maneira radical, ou seja, têm confiança. O que causa o estresse é exatamente o susto: "Ai, e agora, Nossa Senhora, o que eu vou fazer?". Se voce for realmente integrado, foge da esquizofrenia. Minha fé ainda é uma fé pequena. E essa integração com o divino, com o transcendente, muitas pessoas têm isso de maneira não doutrinária.

Tenho inveja de quem esteve na plateia da quarta festa literaria internacional de Parati no dia 13 de agosto de 2006 e chorou quando ouviu da propria poeta Adelia Prado a leitura de seu poema As Mortes Sucessivas, em homenagem ao pai morto. "Por uma dessas razões que a razão não explica, o choro catártico traduzia, enfim, o choque de uma manifestação teofânica.."