Sunday, February 27, 2005

"...RIDES THE DRAGON"

http://www.fotolog.net/lilinando, O Nando autor da proeza, nos convida pra curtir Aerosmith Ain't That a Bitch

'Yeah you're down on your luck
And you don't give a huh!
...Cause love is like the right dress
On the wrong girl
...You think you're high and fine as wine
..Cause love is like a warm gun
On a cold night"

Revisitando Invasões Bárbaras, a primeira dose de heroína se fez sentir. Refinado intelectualismo, referências históricas, culturais, literárias, tentando chegar a termos com o cretinismo civilizatório aparente, humanístico ou pernóstico, com falências institucionais, emocionais, ainda falando no amor numa resistência guerreira.
A religião aconselha acredite, no mistério, talvez meio de expiação.
Daí Conversation Piece, do Visconti, com Burt Lancaster, carrega na mesma ideologia, do quilate contra anêmica vida insossa, intelectual reclusa.
Que venham invasões oportunistas, bárbaras de legais, instintos, sensoriais lúdicos heroínicos.

Saturday, February 26, 2005

"PUXANDO PELA RUA MODA UM CAMINHÃO DE AREIA"

Manoel de Barros, Poemas Rupestres,

SE ACHANTE
Era um caranguejo muito se achante.
Ele se achava idôneo para flor.
Passava por nossa casa
Sem nem olhar de lado.
Parece que estava montado num coche
de princesa.
Ia bem devagar
Conforme o protocolo
A fim de receber aplausos.
Muito se achante demais.
Nem parou para comer goiaba.
(Acho que quem anda de coche não come
goiaba.)
Ia como se fosse tomar posse de deputado.
Mas o coche quebrou
E o caranguejo voltou a ser idôneo para
Mangue."
(pelas janelas abertas do Gilson Ribeiro em Caros Amigos)

Minha vida sem mim, filme canadense, que tem a ver com post caranguejo? Nem a certeza da morte.

Filme feminino, diretora Isabel Coixet, baseado no conto Pretending the bed is a raft de Nanci Kincaid.
O filme é achante, fazer tudo que resta que faça prazer pros queridos que ficam, família e conquista dum novo amor, pós descoberta de doença terminal aos vinte e tres anos da vida pela frente.
Nada sentimentalóide, é todo pró nobres sentimentos. Sensível. Cuidadoso. Delicado.
Quase fábula dedicada a valorizar o que tem de bom pra gente viver.
Nem falo dos principais, os papéis secundários nos deliciam com Amanda Plummer, Deborah Harry (Blondie!!), Maria de Medeiros. Grandes belezas.

Friday, February 25, 2005

LUA EM CURTO

Ontem fiz parte dum evento alagoano, charmoso, esportivo, tudo a ver.
Corri com minha querida Ana Paula, no circuito noturno das últimas quintas do mes. Iniciativa pra sacodir o esqueleto saudável, com o que a orla tem de melhor, beleza natural, mar, praia, coqueiros enluarados, gente bonita.
Tem tudo pra dar certo. Principalmente depois do brilhante e entusiasmado desempenho da Ana Paula.

Não precisava a chateação que antecedeu a largada. Muito barulho por tudo. O som alto do carro do som, a mesinha em lugar escuro, desencontro de informações, pessoas perdidas em volta da mesinha, solicitações várias, colaboradores sentados trabalhando a todo vapor, confundidos no caos.

No final das contas, o que importa, Ana Paula estará presente na próxima. E vale a pena. O circuito é carregado de energias positivas.

STILL WATERS RUN DEEP

Post de desigualdades -

Primeiro reproduzo texto de Euclides da Cunha, utilizado na crônica de Sebastião Nery pra ilustrar momento da boiada política.
"De súbito, ondula um frêmito sulcando, num estremeção repentino, aqueles centenares de dorsos luzidios. Há uma parada instantânea. Entrebatem-se, enredam-se, trançam-se e alteiam-se, fisgando vivamente o espaço, e inclinam-se, embaralham-se milhares de chifres. Vibra uma trepidação no solo; e a boiada estoura. A boiada arranca.
"Nada explica, às vezes, o acontecimento, aliás vulgar, que é o desespero dos campineiros. Origina o incidente mais trivial - o súbito vôo de uma araquã ou a corrida de um mocó esquivo. Uma rês se espanta e o contágio, uma descarga nervosa subitânea, transfunde o espanto sobre o rebanho inteiro. É um solavanco único, assombroso, atirando, de pancada, por diante, revoltos, misturando-os embolados, em vertiginosos disparos, aqueles maciços corpos tão normalmente tardos e morosos.
"E lá se vão: não há mais contê-los ou alcançá-los. Acamam-se as caatingas, árvores dobradas, partidas, estalando em lascas e gravetos; desbordam de repente as baixadas num marulho de chifres; estrepitam britando esfarelando as pedras, torrentes de cascos pelos tombadores; rola surdamente pelos tabuleiros ruído soturno e longo de trovão longínquo."

Segundo ...

'And I Thought My Father Was God', projeto de Paul Auster, foi publicado no Brasil. O livro nasceu dum programa de rádio estatal norte-americana, onde leitores do autor foram convidados a enviar composições literárias, cerca de quinhentas palavras que "defied expectations about the world - true stories that sounded like fiction", pra serem selecionadas e lidas no show radiofônico. Participaram cidadãos ordinários de várias classes sociais dos Estados Unidos. Os contos foram divididos em categorias: animais, objetos, famílias, guerra, amor, morte, sonhos, meditações, palhaçada.
Milhares responderam ao chamado. O saldo foi positivo. A idéia em transformar em livro resultou da compreensão que do caldo de semelhanças & diferenças, somos todos cúmplices. Algo como uma antologia de posts de blogueiros anônimos provocando as mais diversas emoções. Divertindo sobretudo.

Ainda Paul Auster, exemplo de sua poesia,
"Along with your ashes, the barely / written ones, obliterating / the ode, the incited roots, the alien / eye -- with imbecilic hands, they dragged you / into the city."

Terceiro ...

O suicídio domingo passado de Hunter S. Thompson, aos 67 anos, um dos meus favoritos escritores. Do new journalism pro gonzo journalism, sempre provocador, desafiador, até ofensivo com seus desafetos.
Bizarro, fascinante, interessante. Dr. Hunter escrevia passionalmente sobre assuntos mundanos e políticos, cutucando paixões.

Quarto ...

Ontem voltei pra Academia. De Letras? De Ciências? De Medicina? Não.
De ginástica. Qual a razão do ato estapafúrdio? Buscar saúde? Buscar coordenação? Buscar músculos? Buscar boa forma?
Não, apenas conversa pra jogar fora.

Monday, February 21, 2005

MINHA VIDA DE CACHORRO

Foi assim desde criança, no que a vida tem de celuloide ou lado celuloide da vida, pra ficar chiaro escuro com rajadas de restauração, com algumas cores e sensação technicolor de fantasia. Sempre desde então, olhando pro céu na espera de assistir um cachorro desterrado.

Na melhor das hipóteses, minha vida vira-lata, me deixa olhar comprido, inseguro, carente de afago e confiante de almas boas.

Friday, February 18, 2005

ÀS QUERIDAS BLOGUEIRAS, CONTO III

Prólogo do conto mal ajambrado, começo que não sei quando foi, meio gripado, virótico, e a conclusão que não vai satisfazer , muito menos a mim.

Tentei ilustrar a relação tempestuosa entre gato de meia idade e rato tecno-exstasiado por fashion trends na love parade dum deserto.

O que esperar dum ratinho contracultura, on the road keruak? Apenas se estabelecer à margem da vila, vilarejo?

Pensei na adesão simpática das criadoras de gatos. As únicas que pediram pelo conto inteiro, talvez vejam gatos à distancia dos pelos, próximas dos significados solidários do amanuense carente.

Nas dissonâncias dos encontros perfeitos, jazzísticos, o XERIFE acordou com ruído. Não demorou pra achar no toc o diagnóstico perfeito pro comportamento errático do MOUSE. Com quantos tijolos se faz o objeto da conquista amorosa?
XERIFE apaixonado, MOUSE sedutor, se não fossem os tijolos , quem sabe daria certo no deserto?

Que conto é esse? E a vida dos cactus? A delegacia cheia de atentados e fugas quando a prisão era pura dependência emocional? E o saloon, bar, onde o XERIFE sentia falta dum tijolaço pra continuar na happy hour?

Ainda sobre gato emblemático, conto depois alguma coisa.

MINUTOS DO PRAZER EM QUARTOS BEM CUIDADOS

A internet tem dessas coisas, preservar o melhor pra futuras gerações, nem que seja a matéria jornalística da isto é do ano passado, precisamente agosto 19, que faz sucesso até agora pelo conteúdo erótico fast-fuck.

"motel da 'rapidinha' cobra r$1,99 por tres minutos e aposta na clientela de 'homens-galo'.
O homem brasileiro leva 30 minutos pra atingir o climax sexual, diferente do galo, 3 segundos.
Assim motel em Diadema fez promoção pra atrair homens-galo, um e noventa e nove pra dar conta do recado.
Segundo estatística do Diamor Motel, seis minutos é o tempo médio do prazer. Apesar dum campeão registrar o tempo mínimo pro preço, corroborada pela parceira satisfeita. É o caso, sempre aparece um fodão!
Agora, depoimento não se discute, pasma saber "Nenhum levou mais de 12 minutos até hoje".

LORD ROMÂNTICO?

"These lips are mute, these eyes are dry; But in my breast and in my brain, Awake the pangs that pass not by, The thought that ne'er shall sleep again".
("Estes lábios estão mudos, estes olhos, secos; Mas no meu peito e no meu cérebro, despertam as agonias incessantes, o pensamento que não deverá dormir de novo").
George Gordon Noel Byron (1788-1824)

Tuesday, February 15, 2005

A MATTER OF BULLSHIT

"One of the most salient features of our culture is that there is so much bullshit. Everyone knows it. Each of us contributes his share. But we tend to take the situation for granted. Most people are rather confident of their ability to recognize bullshit and to avoid being taken in by it. So the phenomenon has not aroused much deliberate concern, nor attracted much sustained inquiry."
Trecho do ensaio de 67 páginas do filósofo e professor emérito da Universidade de Princenton, Harry G. Frankfurt, que dissertou sobre verdade, mentira & bullshit.

Ele lamentou a falta de questionamento em torno do assunto, apesar da universalidade do fenômeno.
A falta de interesse em definir uma coisa reconhecida por todos e compreendida por ninguém.
Pra começo de conversa, o professor destacou, bullshit é indiferente à mentira ou à verdade.
A aceitação pura e simples de bullshit produz mais danos na sociedade do que a mentira. Subjacente está a idéia de, pouco importa conhecer a natureza das coisas, e sim reconhecê-las legítimas e verdadeiras, através da persuasão a qualquer custo.
O filosófo protestou contra o fato das pessoas desprezarem o rigor e clareza dos argumentos filosóficos, em troca da retórica e sofisma como meio pra formar convicções.

Sunday, February 13, 2005

SALDO DO CARNAVAL, FILMES

Algumas pessoas têm toda sorte, já a premissa de INTACTO é algumas pessoas têm a habilidade de tirar a sorte dos outros, pra proveito próprio.
O filme nos mostra o cingido destino de quatro pessoas dotadas , angustiadas, por esse dom. De barganhar a sorte.
O filme arma um thriller onde personagens centrais sobrevivem menos por uma dádiva, do que a intolerável injustiça cósmica.
No filme a sorte é commodity, pra ser roubada, poupada ou negociada, no mercado negro dos gananciosos.

E a culpa, no resto tenta lidar com o cair fora, da morte, do amor.

Saturday, February 12, 2005

ÀS QUERIDAS BLOGUEIRAS, CONTO II

Bad dreams do XERIFE, ele o maioral exposto ao faz nada num armazém , gato careca ligeiramente acima do peso, não confundir com aquele impostor do gnt metido a gato, tomando conta dum pedação de queijo do reino desprotegido, mordendo em bocadas irresistíveis no sabor do tira gosto, com uma cerveja quente empurrando goela adentro.
Ele acorda com toc toc, som audível na sensibilidade felina,

...o conto não acabou, ainda falta tanto que nem sei ,

Friday, February 11, 2005

SALDO DO CARNAVAL, FILMES

Gostei mesmo Singing Detective, excelente cast Robin Wright Penn, Adrien Brody, Jon Polito, Alfre Woodard, Katie Holmes (a gatinha de Dawson's Creek) num papel de enfermeira pra doente nenhum querer ficar bom.

Dirigido por Keith Gordon, escrito pra tela por Dennis Potter, e estrelado por Robert Downey Jr e Mel Gibson num papel de psiquiatra, secundário de dar gosto, irreconhecível, disparado o melhor que mad max poderia prever.
O Downey fabuloso, interpretando escritor de pulp fiction, frustrado, excitado, delirando a dor da cabeça aos pés, alucinando dança e canto, numa paranóia infernal, misturando o enredo da novela vendável pro cinema, com traumas familiares rodriguianos. A dor da doença aflitiva, medonho caso de pele, origem psicossomática curável, desde que respeitada a psico análise.

continuo noutra hora. As continuações me perseguem.

Wednesday, February 09, 2005

ÀS QUERIDAS BLOGUEIRAS, CONTO

Era uma vez, um gato meia idade, meio fora de forma, descuidado com o bigode.
Ele morava no deserto, naquilo que poderia ser chamado de point, point of no return, lugarzinho vazio, cadeia, bar, sem igreja, cemitério, rua principal. Atrações? Apenas, as típicas dum deserto, poeira trazida pelo vento ou sopro de desânimo, cactus, areias escaldantes principalmente pra pisar sem sandálias.
O gato era a lei, tres poderes, todos exercidos na medida definitiva, nada provisória. Ele carregava uma estrela no peito. E se dizia XERIFE, do pedaço.
O gato ocupava coração e mente, dele e do exclusivo, solitário adversário e morador da comunidade.
O que esperar desse relacionamento, a não ser amor e ódio?

O XERIFE sonhava com seu rato preferido, o indefectível MOUSE, figura relaxada mas obreira, fabricava tijolos pra atentar contra a autoridade constituída.

...o conto continua

Monday, February 07, 2005

CARNAVAL

Série de feitos não relacionados conspiraram pro desfecho imprevisível.
Tá bom, e o enredo das madrinhas, cumé que fica?
A necessidade duma conclusão que dê sentido ao bom senso fica no reino do sonhos.

Carnavalesca Meguita, http://flabbergasted.blogspot.com , NoblatnoRecife, maracatu atômico perde, na animação.

Na onda do prazer momesco, o Roberto Esquentando os tamborins, Pompeu de Toledo na Veja, disse a que veio no batuque.
Desfile de escola de samba e futebol se imiscuem.
E no reinado da televisão que nos embala, ele deu juz ao principal carinho voluptuoso, das câmeras.
À instituição notória madrinhas de bateria, que no meu parecer fantasioso, mereceria desfile à parte.
A escola que trouxesse 4000 protetoras, auxiliadoras, patrocinadoras, enredadas na boazudice e gostosonas no samba pra quatrocentos talheres, levava minha excitação pra Sapucaí. E confiança dum carnaval ideal.

Sunday, February 06, 2005

IMPOSSÍVEL VIVER À ALTURA DELAS

Esse negócio de escrever mediocridades da minha parte, na forma & bojo,
Jamais na intenção, de reverenciar queridos caríssimos, perfeitos no meu entender tosco, prenhe de aleivosia do resultado, canhestro.

Tô falando da Fal & Meg (e todos outros grandes que nem Noblat & Cora).

Saturday, February 05, 2005

DE VEZ EM QUANDO ME DESPEÇO DE MIM

Não sei por que deixei o gordo dono da locadora escolher algum dvd pra completar pacote de carnaval, será porque não sabia o que tava fazendo pra começar a conversa? Comecei escolhendo mal, eu peguei pela capa cego, não devia estar ali, como a repetir impulso do passado, obssessivo, alugando qualquer porcaria.

Ou deixo a escolha pro William Faulkner, between grief and nothing.

Um filme boa escolha que tirei da prateleira foi Lost and Delirious, catálogo, mas ausente do meu currículo até então.
Drama adolescente, meninas internas em colégio que discute em aula Lady Macbeth, mais fina delicatessen impossível.
A personagem narradora do imbroglio, confessa numa conversa franca entre mais duas roommates, a dificuldade de ver o rosto da mãe morta de cancer, há pouco tempo, na memória recorrente.
Que nem eu quando recusava olhar o rosto da minha mãe enferma terminal. Minha máxima culpa. Na contramão da lembrança presente viva.
Uma das fugas daquela era recente, alugar videos freneticamente, obssessivamente, pra me manter ausente.

Friday, February 04, 2005

NÃO SÃO GÊMEAS. O QUE IMPORTA?

O sentimento. Gosto das duas. Ambas merecem investidas amorosas, importando palavras sábias do Nelson, querido das meninas blogueiras maravilhosas, com justa razão http://www.praiadonelson.com

As duas que tô falando, as irmãs deliciosas, o Nelson não conhece, senão cá dê chance pra fantasia do outro, o pequeno nelson ?

Just kidding Almirante.

Eu, o little, não sei por que cargas de vendaval, vivendo à beira mar, não consegui ainda acessar o Nelson da praia benfazeja.

SIGNATURE KILLERS

Programas de televisão assinados ensinam que características marcantes de serial killers nas vítimas de uso probatório, podem importar assinatura.

Considerando a história de criminosos que barbarizaram traumas familiares nas conquistas predatórias.
Temos o sexo, na origem de tudo, mãe que rejeitou, ícone da castração, e as mulheres insensíveis que não deram o caldo idealizado pra satisfazer o desejo do perpetrador.

Casos exemplares existem pra todos os gostos. Como o bacana,
http://www.crimelibrary.com/serial_killers/predators/russell/hate_1.html

Thursday, February 03, 2005

NINE, ELEVEN

Onde estava nessa data? Na data dos trágicos atentados?
Tava na academia do Geraldo, precisamente na área das bicicletas e esteiras, televisores pendurados no teto.
Eu, pedalava pra manter papo, com Janaína e outras que ocupassem o mesmo sabor da amiga Aninha.
E veio o primeiro avião na torre. No meio da conversa informal, causou impressão.
A maioria focou no fato. E começaram as tentativas pra compreender o que tava voando. Não faltavam ruídos dispersivos e assuntos pendentes pra se misturarem ao evento maior.
Na medida que o foco dos que malhavam convergiam pro grande impacto, causou especial atenção.
Geraldo entretido com alunas visitantes da faculdade federal, sedentas pra beber na fonte conhecimentos acadêmicos, distantes da prática e burburinho reinantes, ignorava o que o mundo passava.
No que o segundo avião atinge a outra torre, ninguém desgrudava das telas dos televisores suspensos. Não acreditando em 'acidente reincidente' nos prédios gêmios. Tinha que ser replay.
Geraldo acordou do encanto professoral e reclamou do excesso de excitação, consequência daquela inútil máquina, a barulhenta televisão.

No falatório dos presentes reagindo ao que a midia tentava digerir da realidade, um senhor que fazia esteira, cadenciado, chamou a filha adolescente que acabara de fazer musculação,
- Olha, vem ver, parece filme de Bruce Lee...
Bem provável, ele estivesse identificando o cinematográfico espetáculo catástrofe com algum filme de Bruce Willis...

Tuesday, February 01, 2005

TRABALHO

Jovem, solteiro no Rio de Janeiro, a idéia era trabalhar pra sociedade ficar na dela, sem cobranças.
Subemprego, a escolha não dependia do melhor apreço.
A oferta maior facilitava, vender de tudo o mínimo.
Compareci numa seleção, onde todos os gaiatos, candidatos, foram aceitos de cara, vender espaço numa revista turística, dessas que se distribuem em aeroportos, terminais de passageiros em trânsito, hotéis e o mais que tenha esquecido.
Picaretagem explícita, me atraiu pelo bas fond, laboratório pra exercitar talento histriônico, caso houvesse pra me dar bem.
Percorri restaurantes e bares na Avenida Atlântica, do Leme ao Posto 5, talvez. Perto da hora do almoço, na hora do almoço, no caos desse momento. Não tinha nem a boneca da revista, pra fazer de conta que a coisa era séria.
Era cascata, na garganta pra doido ouvir. E eu engasgava, ansioso que alguém caísse na esparrela do absurdo.
Por pouco senti gostinho de vitória, quando gerente atolado por pedidos de garçons, gritos da cozinha, cheiros temperados e calor de fornos vizinhos, ameaçou concordar naquele estabelecimento patrocinar algum reclame.
Tava com tanta sede, que a vítima se tocou do pote de lorota e recusou o manjar.

Noutra iniciativa trabalhista. Fui parar numa sala que me encaminhou, desde portador de excelentes referências, pro dito cujo objetivo da função. Vender uma almofada elétrica, com propósitos vibradores relaxantes.
E nós, vendedores potenciais, nada como sentir nas entranhas a maravilha do produto. Sentei na cadeira, a almofada começou a esquentar e tremer, num crescendo tão brabo, não restou alternativa fugir.
Pro desemprego.