Tuesday, February 01, 2005

TRABALHO

Jovem, solteiro no Rio de Janeiro, a idéia era trabalhar pra sociedade ficar na dela, sem cobranças.
Subemprego, a escolha não dependia do melhor apreço.
A oferta maior facilitava, vender de tudo o mínimo.
Compareci numa seleção, onde todos os gaiatos, candidatos, foram aceitos de cara, vender espaço numa revista turística, dessas que se distribuem em aeroportos, terminais de passageiros em trânsito, hotéis e o mais que tenha esquecido.
Picaretagem explícita, me atraiu pelo bas fond, laboratório pra exercitar talento histriônico, caso houvesse pra me dar bem.
Percorri restaurantes e bares na Avenida Atlântica, do Leme ao Posto 5, talvez. Perto da hora do almoço, na hora do almoço, no caos desse momento. Não tinha nem a boneca da revista, pra fazer de conta que a coisa era séria.
Era cascata, na garganta pra doido ouvir. E eu engasgava, ansioso que alguém caísse na esparrela do absurdo.
Por pouco senti gostinho de vitória, quando gerente atolado por pedidos de garçons, gritos da cozinha, cheiros temperados e calor de fornos vizinhos, ameaçou concordar naquele estabelecimento patrocinar algum reclame.
Tava com tanta sede, que a vítima se tocou do pote de lorota e recusou o manjar.

Noutra iniciativa trabalhista. Fui parar numa sala que me encaminhou, desde portador de excelentes referências, pro dito cujo objetivo da função. Vender uma almofada elétrica, com propósitos vibradores relaxantes.
E nós, vendedores potenciais, nada como sentir nas entranhas a maravilha do produto. Sentei na cadeira, a almofada começou a esquentar e tremer, num crescendo tão brabo, não restou alternativa fugir.
Pro desemprego.

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