Friday, September 24, 2004

GERALDO, O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA - VIII

Geraldo correu pro regaço da mãe, aquele encontro dos seios maternos com o cabeção do filho, ele insensado no coquetel dos odores típicos: da fumacinha do pauzinho de Bali, passando pelo cashmere guardado com naftalina até os banhos econômicos à base de sabão de coco da genitora Dedé.

A mãe sente quando o filho tá pesando no orçamento, principalmente se apresenta cintura grossa e é tão voraz no gosto por animais feridos, mal passados, na grelha - saboreados em qualquer churrasqueira de adolescente árabe colonizado segundo costumes cristãos de brasileiros carnívoros.

Por mais que ela incentivasse o esporte paraolímpico, Dona Dedé não acreditava que o filho alcançasse medalha de ouro na modalidade ginástica rítmica solo do rolamento mortal carpado, o que alguns invejosos de outras academias classificavam de simples cambalhota.

Naquela idade indefinida entre exibir o melhor visual e o intelecto bombado, Geraldo era puro conflito entre ser redondo no abdomen dilatado, quadrado no torso de futuro leão de chácara ou no íntimo musculoso pra bater em todo mundo.
Eis que morar com a mãe acrescentava outro dilema moral: voltar cru pra Beirute gostando de kibe apenas socialmente.
Geraldo que sentia o dom nas veias, decidiu cultuar o próprio corpo, primeiro através da masturbação, depois se tornando malhador brasileiro e professor numa simbiose pra esteróide nenhum botar defeito.
Pra concretizar o nobre desígnio vocacional a guarda do pai se tornava de lei.

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