Thursday, June 10, 2004

CONTO DA CRIPTA. ALEXANDRE, O CABEÇA

Alexandre está na faixa de trinta a quarenta anos. Após dois casamentos, dois filhos e preso à constante presença da mãe fazendo feira para a vida dele, se sente confuso, desorientado, lhe faltando estímulo para distinguir as vontades dos desejos.
No trabalho Alexandre repete o tédio que o Diabo amassou. Ele não sabe se é o destino do dentista de beira de consultório ou a união entre o emprego sem futuro e o entusiasmo terminal, mas pouca coisa lhe mantém focado como a bunda da Carla - produz fantasias e ameniza o torpor.
Alexandre pensa que o destino vai lhe levar a cabeça numa perda irreparável. Algumas pessoas se preocupam com o próprio temperamento diante de situações explosivas: facadas pelas costas de sócios amigos, traições de amores fidelíssimos. Porém, no caso do Alexandre, nada como se separar da cabeça de forma trágica, vitimado por uma grande bunda sentada na sua cara.

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