Sunday, June 20, 2004

CONTO DA CRIPTA. ALEXANDRE, O CABEÇA - II

Ora, o que se passava na cabeça do Alexandre refletindo no espelho.
"Eu sou isso aí refletido? Um rosto cavernoso, 'dismilinguido', olheiras apontando pra falta de bochechas e um queixo pontudo? Como nessa cara magra podem caber tantos machucados?"
Entre um pensamento e outro.
"Eliminarei métodos violentos porque gosto de falsos acidentes, apenas não sei provocá-los. Falta inspiração. Seria simples dar algum tiro."
Locais de encontro consigo mesmo: academia, barzinho ou qualquer praia. Definitivamente estavam descartadas arma de fogo, faca e cabeçada na parede.
Naquele momento Alexandre imaginava a morte cerebral. A ocasião pedia algo sutil. Ler por exemplo um livro de difícil digestão, que exigisse demais dos neurônios até provocar um derrame de idéias e o inevitável colapso do sistema nervoso.
"Quem é esse leitor arruinado, boxeador nocauteado? Encontrado no quarto 227 no meio duma porrada de quartos? Com os ossos encolhidos?"

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