Wednesday, October 26, 2005

POST 200

Esse blog foi não sendo, não sendo e chegou aos 200 posts, se der publicar no que to agora.
E nada disso tava escrito pra acontecer, meu destino era outro, longe do texto, do computador, da serra elétrica, cabeças seriam cortadas com machadadas cegas ou então no serrote desdentado no caso de desafetos encardidos.
Não, nada dessa violencia tem sentido a não ser pras torcidas organizadas. Uma razão ou lembrança da origem do blog: falar do ódio/amor solitário ao Botafogo, de torcedores estelares hibernados que não pedem a cabeça do Bebeto.
Outra variante do nada que busca assunto: vida do professor Geraldo, saga da loucura do indivíduo no ambiente fechado da Academia, com janela, janelão ou voltada pra telinha da tv, obcecado com a teoria e adaptando a hérnia à prática. Doutor em atividade física viciado no dogma: No pain, no gain. Ciência e religião na raiz da loucura, loucura na sua fase aguda, os antecedentes familiares falaram mais alto, mãe árabe, pai ourives, a separação dos pais ainda pré adolescente, deu no que tinha que dar.
Outra vertente fugidia do blog, minha profissão de amor/ódio à lei, advogado por circunstância, não pela prova material. Acabou não acontecendo, depois de 15 anos transitando na lide.
Sobrou incoerência, falha de caráter e preferências obscuras.
Assim mesmo, alguma coisa de mim deve ter prestado nesses 200 posts quase, entre santo e beberrão.

Pra celebrar um bicentennial que não se adequa aos 200 posts quase, transcrevo carta do compadre dos meus pais, Caio Souza Leão, colecionador e amante das artes extremado e respeitado, que pendurou obras minhas não posts na parede entre notáveis de todas épocas.

"Recife, 25 de julho de 1977
Meu amigo Nelson ( o pintor )

Recebi os seus 'muros' ou 'paredes', suas cores, suas tintas, seus fantasmas que andam, falam, como as manchas das paredes do quarto de minha infância. (Proust já havia falado das manchas da parede do seu quarto, tão familiares que se tornaram companheiras de sua solidão). Os seus fantasmas e suas cores gritam dentro de um silêncio enorme.
Creio que não se deve formular sua arte, ela deve ser livre e liberta de todas as possíveis limitações.
O abstrato ou surrealista presente, está ligado a técnica da quarela e nanquim que voce usa com uma força extraordinária, fazendo de voce um pintor de inspiração do momento, agressiva, mas agredindo liricamente. Quanto lirismo tem suas 'paredes' (ou 'muros')! sonhos, visões do fantástico. Tudo isto com as cores, com todas as cores bem manejadas. Quantas cores? Tons fortes em contraste com os suaves, tudo muito bem elaborado através das formas. Voce é um pintor que sabe fazer o sonho feito de guache, o vermelho, o azul e tudo mais em suaves e fortes. As cores foram exploradas, elaboradas no seu momento exato.
Não conheço nos últimos tempos, nada melhor entre os pintores (novos) que estão aparecendo por aqui. Vá em frente que da sua experiência de agressão lírica, muita coisa vai ser criada, reinventada e cada vez mais inspirada.
Voce é um pintor e isto é o que basta. As suas 'paredes' (ou 'muros') serão guardados com muita ternura, pois possuem muito de mim e de todo mundo.
Um abraço do amigo e admirador
...................."

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Mó sussa o seu blog. Bjaum! ckuida.

Sunday, 30 October, 2005  

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