Thursday, July 07, 2005

NÃO SOU CATÓLICO NEM FLOR QUE SE CHEIRE

Não entendo de missa. Despedir da vó foi também homenagear minha mãe. Lá não sei onde as duas vão ter bons momentos de prosa e verso acompanhados de todas as gargalhadas sem preocupação com tarefas comezinhas.

Na igreja sentei naqueles bancos espremidos com os da frente, pros joelhos terem consciência onde foram se meter, que rezem pra sair numa boa.
Fiquei bem na frente, um olho no padre outro na sacristia. Dava pra ver a passagem que levava a esse território contíguo. Lá no limiar a secretária do padre, discretamente protegida da visão dos fiéis, tocava sineta no timing correto.
Além de arrumar o altar, água, vinho, hóstia, cálice, toalha, antes do início da missa, durante o culto sua presença tornava-se primordial. Era de suma importância saber a hora de badalar o pequeno sino e produzir sons na medida, sem cair em tentações musicais.

O velho padre deu alguns brancos, mas pegou o raciocínio no ar.
Quem brilhou mesmo foi a velha secretária quando um gato desavisado apareceu manso e espreguiçante. Dando pinta de religioso, o sábio animal ensaiou desfilar na frente das orações.
Eis que um simples gesto negativo com o dedo da idosa coadjuvante, silencioso, fez o bichano pensar duas vezes e recolher-se à outras aventuras fora do nobre palco.

1 Comments:

Blogger rbe said...

muito bom!

Thursday, 07 July, 2005  

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