Tuesday, July 05, 2005

AS FACES DA MORTE

Nos últimos anos minha vó mal teve tempo de sentir dor e olhe que ela passou por quedas, fratura e aperreios semelhantes como atendimento de especialistas de toda sorte, alguns com mão pesada.
E a dor onde andou?
Minha impressão? Os sonhos tomavam conta, sem dar espaço à tirania da realidade.
Sonhos subversivos, conquistadores, arrebatadores. Sonhos de outros séculos, milênios, nos quais a gente passou a existir. Dentro da ópera que ela sonhava incessante.

Minha vó morreu, aos 97, depois de gripe, virose, a última aporrinhação. Duas internações e tanta gente futucando a coitada. Ela disse chega. Um basta. Saiu à francesa, pra que ninguém insistisse fica mais um pouquinho.
Foi cuidar de sonhar em tempo integral.

Quando chegar minha vez nada do óbvio desejo, a morte durante o sono repousante.
Penso numa hipótese benfazeja, quaisquer das 10 pragas do Velho Testamento, retratadas nas mortes do filme The Abominable Dr Phibes, com fino sabor.
Vincent Price morto vingando a equipe médica que operou e não salvou sua esposa. Nove doutores e uma enfermeira submetidos aos mais criativos assassinatos.

Ou então a morte antecipada e natural da inocência do filme Lo non ho paura, dirigido por Gabriele Salvatores.
Morte presente na natureza, nos jogos das crianças e na sublimação da violência.

1 Comments:

Blogger nelson porto said...

MEGamor, obrigado. E muitos muitos beijos.
A boazuda seria por acaso Marivalda?
beijos,

Thursday, 07 July, 2005  

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