Wednesday, November 17, 2004

compras

Mamãe acreditava em economizar, a palavra chave era aproveitar. Pura economia de guerra: racionamentos, esgotar as possibilidades do produto. Extrema cautela na aplicação de recursos para aquisição de bens duráveis a vida toda, exemplo roupas pra sair.

Assim na infância, boa parte da adolescência todas minhas roupas eram numerações maiores, inclusive os sapatos.Vivia sob a ameaça de crescer, crescer sem fim num projeto diabólico.
Pelas roupas folgadas que usava, se vingassem as estimativas de crescimento, hoje seria recusado por times de basquete exigentes, devido ao exagero da altura e largura.

Entrei numa escola descolada, antenada, as meninas mais bonitas do Rio no seu corpo discente, a maioria esmagadora pra contrapor meia dúzia de garotos. Todos se vestiam na última moda, tendência, grife e eu aquela aberração.

Quando no futuro que não sei precisar, derradeiros momentos no colégio, logo após (quem sabe?) consegui botar a mão numa verba (melhoria na mesada? ...) e comprar roupas em Ipanema, nas butiques de ponta, radicais, vestimentas unisex, em sintonia direta com Londres e outras praças onde andróginos escandalizavam - dei com os burros n'água.
A demanda reprimida por novidade, me fez adquirir peças de vestuário totalmente impróprias. Primeiro foi na lojinha Frágil, preferida da Sonia Braga, na ocasião apenas doida riponga que trabalhava em Vila Sésamo, programa infantil na tv sem o menor erotismo. Calça de tecido fino, com estamparia tropical, aves coloridas emplumadas pareciam levantar vôo, toda vez que fazia prova diante do espelho. Usei duas vezes no carnaval, constrangido.
O segundo item, também objeto de butique vip foi uma camisa (blusa) de mangas curtas bufantes, na cor amarela. Essa não havia cristo, febre consumista, atitude constestatória, crise de sexualidade que me fizesse usar.

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