DIÁLOGO FICTÍCIO DATADO CERCA 1970
ela:
- Eu tenho afeição por voce, não lhe posso ajudar porque não lhe odeio. Compreendo que voce não fala verdades; nem é o rei da verdade, voce fala de gostos, tastes, voce fala em acreditar numa cor, voce diz que aquela cor tem razão, voce fala da razão da cor, pela lógica da cor, então é uma verdade e ela prevalece...Se eu tivesse enormes seios carnudos...eu colocaria sua cabeça neles e voce ia gostar...e ia se acalmar, e o meu corpo todo jovem e gordo (como a Heroína Pêssego) seria o conforto, a delícia, a compreensão, a aceitação por dentro, eu me sentiria como voce sentindo meus enormes seios - uma fruta, um pêssego fresco e maduro - docinho, doce, cheio de caldo nas mordidas, voce me mordendo, na verdade só estamos satisfeitos um com o outro, o que um espera do outro, voce não me morde de verdade, não existimos de verdade, somente a sensação de nós dois juntos, o fim do pêssego, o gosto bom percorrendo o interior do seu corpo, sem cessar, sendo aroma até desaparecer de vez...
ele:
- Minha vida são várias surpresas, que foram se sucedendo, sem me surpreender, como se quisesse essas surpresas...Um certo padrão me levou aqui, no grande cenário, é no grande cenário que eu vivo, meu lugar, não posso fugir dele, para lugares calmos e tranquilos, como cobrir um monstro com lençol branco e levá-lo pra todo canto, é a morte, ela faz parte de mim, me acompanha, tenho que ficar com ela, tenho não, ela sou eu...
Começamos negando aquilo que vamos afirmar afinal. Portanto já conhecemos, experimentamos, portanto a realidade é nada, não é nada, ou mais ou menos nada, ou qualquer coisa...
1 Comments:
Por que apagou o que eu escrevi?Ué?
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