Monday, September 12, 2005

CONTOS ERÓTICOS

O livro Intimidades reúne uma coletanea de contos de dez escritoras, cinco brasileiras e cinco portuguesas. Entre outras Lygia Fagundes Telles e Nélida Piñon, Lidia Jorge e Theolinda Gersão.
Luisa Coelho catalisou as incluídas já na apresentação, diferenciando erotismo e pornografia.
O pornográfico como "discurso que, com descrição crua dos atos sexuais, tem como principal objetivo produzir a excitação de um terceiro e, com isso, esvazia o mistério da sexualidade de todo seu conteúdo". O erótico como o discurso a que "cabe seduzir, encara a representação da sexualidade como não sendo apenas confinada ao sexo, mas envolvendo uma história, consciente e inconsciente, onde se inscrevem relações entre o desejo e o interdito, o encontro e o desencontro, o prazer e a dor, o sonho e a realidade, o amor e a morte".
Duas autoras tomam pé no assunto e na palavra: "O pornográfico é o cruel, aquilo que, despindo-se, chega ao osso" (Lídia Jorge). "É pura carne descarnada" (Piñon). Para ambas a literatura e o erotismo se pertencem. "O literário é o campo próprio daquilo que é o metafórico, o lúdico, e o lúdico está com o erótico, não com o pornográfico" (Jorge). "O verbo é erótico. O cotidiano se erotiza enquanto voce fala. Com os gestos, com a boca, com o movimento dos lábios" (Piñon).
Inês Pedrosa assume o rumo da diferença: "Todos somos, de vez em quando e por muito que o neguemos, moralistas. Em geral, consideramos pornográfica a relação sexual da pessoa que amamos com outra pessoa. Ou seja: é erotismo o sexo que nos envolve, é pornografia o que nos exclui. Na literatura também é assim: erótica é a obra que nos desperta a alma e os sentidos; pornográfica a que, por ser vulgar, previsível, não nos perturba".
Na coletanea as escritoras elegem o corpo feminino centro das atenções, o masculino causa certa repulsa, embora "uma repulsa que atrai", segundo Jorge.
O discurso erótico na opinião de Pedrosa aproxima os dois corpos, em vez de separá-los. "Se é verdade que a força da repressão sexual é particularmente visível na escrita das mulheres, essa repressão existe também na escrita dos homens, porque a opressão é também uma escravidão do opressor".

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Isso tudo é bobagem. tudo. Imaginar Ligia dando-se a essas baixarias...

Tuesday, 13 September, 2005  

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