MADRINHA

E la se foi o aniversario da Maria Candida, 100 anos, pra mim pura abstração no guardanapo, todos eles com a insignia "ele só via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútila de brilhantes e outras preciosas", do nome maria Candida aconchegado.."A festa do Natal, com os presépios, os cordões de pastorinhas, a nota cândida e bíblica da paisagem que o nascimento de Jesus evoca...,é uma das mais ingênuas e belas"

Ela na minha frente sentada, bem arrumada, penteada e vestida pra festa, me deu benção..e beijei a mão, nós estranhos um do outro..

A festa da madrinha: parentes de todo grau, afilhados, amigos e agregados, gente a dar com pau..

Na congregação dos espíritos, a maioria presente, vinha junto desconforto da vida longeva, ou quando menos defeitos fisicos, no mínimo falhas aparentes da herança genética..quando a aceitação de si mesmo é insuportável, o cabelo, a altura, o perfil dos traços corporais..(Janaina sente preterida numa boa entre seus pares feiosos..)

A obesidade de muitos, mórbida semelhança do lugar comum, não chegava a tanto de recusar frituras, maioneses, carnes gordurosas e bebidas gasosas e alcoolicas a dar com rodo..

Madrinha, alheia aos prejuizos do desejo e prazer, entre adorações do telão, do passado no seio dos mortos vivos, até a musica no conjunto de parceiras la vai fumaça, não perdia o ritmo do chocalho na mão, sentada e de pernas cruzadas na elegancia sem fim.